Governador se reúne com subsecretária-geral da ONU e discute questões indígenas em MS

Representante das Nações Unidas listou fatores de risco que merecem atenção

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar
Governador se reuniu com representante da ONU, Alice Wairimu Nderitu – Foto: Paulo Fernandes/Governo de MS

Nesta segunda-feira (8), o governador Eduardo Riedel (PSDB) se reuniu com a subsecretária-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Alice Wairimu Nderitu. Questões sobre a situação da população indígena em Mato Grosso do Sul foi debatida no encontro.

Conforme divulgado pela assessoria do Governo do Estado, a representante da ONU é natural do Quênia e viaja o mundo para trabalhar na prevenção de crimes contra a vida. Na reunião, o governador falou sobre as ações desenvolvidas em prol das comunidades indígenas e também sobre a situação fundiária da população originária.

“Entendemos que a necessidade e as demandas de cada comunidade são distintas, múltiplas, com suas particularidades e especificidades. Por isso, estamos percorrendo as comunidades e ouvindo as necessidades a partir dos relatos dos indígenas”, disse o governador.

Ainda conforme o governador, entre as ações desenvolvidas estão medidas para eliminar a falta d’água em aldeias, criação da subsecretaria dos povos originários, serviços de cidadania e regularização da documentação civil e distribuição de cestas básicas.

Também foi debatida a conversa com o Governo Federal, para solução envolvendo a demarcação de terras, principalmente nas áreas de conflito. “Encontramos no Governo Federal a disposição de saída consensual a partir da indenização das áreas (em conflito). Há boa vontade de todos os atores, do governo federal, das bancadas, do Supremo Tribunal Federal e da Advocacia Geral da União”, disse Riedel.

Na reunião, a subsecretária-geral das Nações Unidas e assessora especial para Prevenção do Genocídio, Alice Wairimu Nderitu, entregou um documento que lista uma série de fatores de risco e que merecem uma atenção das políticas públicas. Ela também destacou a importância de resgatar o orgulho das comunidades originais.

Participaram da reunião os secretários Pedro Arlei Caravina (Governo e Gestão Estratégica), Patrícia Cozzolino (Assistência Social e Direitos Humanos) e Eduardo Rocha (Casa Civil). Ainda a secretária-adjunta Viviane Luiza (Setescc) e subsecretários, entre eles, Vania Lucia Baptista Duarte (Políticas Públicas para a Promoção da Igualdade Racial) e Fernando Souza (Políticas Públicas para Povos Originários).

Comissão para mediar conflitos

Após desocupação que terminou com 9 indígenas presos em área reivindicada como terra indígena, que construtora iniciou obras de condomínio de luxo, em Dourados, uma comissão interministerial irá ao local em maio para mediar o conflito.

Em parceria com a Procuradoria Geral da República em Mato Grosso do Sul, Defensoria Pública da União e do Ministério Público Federal, o grupo vem com objetivo de ‘traçar diagnóstico’ da situação e instalar uma câmara permanente de mediação de conflitos. Também estão envolvidos o Ministério da Saúde, da Justiça e dos Povos Indígenas.

O ouvidor Bruno Teixeira afirmou que a escuta visa identificar quais as políticas públicas que precisam ser implementadas na região e propor a instalação de uma câmara permanente de mediação de conflitos.

“É preciso um ambiente com mais tranquilidade para implementação das políticas públicas necessárias. Quanto mais célere for o processo de demarcação das áreas, mais rápida será a pacificação”, opinou.

Uma violação a cada 11 horas

O Midiamax noticiou que o serviço do Disque 100, do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, registrou 261 violações contra indígenas em Mato Grosso do Sul no período de janeiro a abril deste ano. O número representa 2,17 casos por dia, uma média de uma violação a cada 11 horas.

Um dos últimos casos envolvendo ação da Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública), no mês passado, terminou com a prisão de nove indígenas. Um deles, o ex-candidato ao Governo de Mato Grosso do Sul, Magno Souza (PCO), solto 25 dias depois, com monitoramento por tornozeleira eletrônica.

Conforme o balanço do Ministério, a maioria das violações denunciadas (117) é referente a crimes contra a integridade física dos indígenas. Dessas, 35 foram por falta de atendimento médico e outras 27 por maus-tratos.

Na sequência dos abusos envolvendo indígenas aparecem violações à integridade psíquica, com 93 violações registradas. Do total, 23 são de tortura psíquica e 21 de constrangimento.

Há ainda 29 violações por negligência e 12 de liberdade, sendo 7 relacionadas a direitos individuais e outras 5 violações pela liberdade sexual de indígenas.

Outro dado preocupante é referente à frequência das violações. Conforme os denunciantes, 173 dessas violações são praticadas diariamente.

Por ter a maior população indígena do Estado, Dourados também é o local onde mais ocorrem as violações. Das 261 violações registradas, 91 foram naquele município. Outras 56 foram em Campo Grande e 48 em Ribas do Rio Pardo.

Por fim, os dados mostram que janeiro teve 47 violações denunciadas em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 69 em fevereiro e saltou para 92 em março, o mês com maior número de denúncias. Até então, no mês de abril já havia 53 violações registradas.

Últimas Notícias

Conteúdos relacionados

Pantanal de MS
taquarussu prefeitura de taquarussu