A ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Rosa Weber, relatora do processo criminal contra o (PL) por ter simulado atentado na BR-060 em no dia 16 de fevereiro de 2020, votou pelo recebimento da denúncia contra o parlamentar.

A análise ocorre em julgamento virtual e os ministros têm até o dia 15 deste mês para manifestar voto. Até o momento, apenas a relatora se manifestou.

“Ante o exposto, havendo prova da materialidade delitiva e indícios suficientes de autoria, voto pelo recebimento da denúncia oferecida contra o Deputado Federal Loester Carlos Gomes de Souza e Ciro Nogueira Fidelis [assessor que acompanhava o deputado naquela ocasião], imputando-lhes a prática, em concurso material, dos crimes de comunicação falsa de crime (CP, art. 340), porte ilegal de arma de fogo de uso permitido (Lei nº 10.826/2003, art. 14) e disparo de arma de fogo (Lei nº 10.826/2003, art. 15)”.

Ainda conforme o voto da relatora, os argumentos trazidos pela defesa do parlamentar “não são suficientes” para desqualificar as provas levantadas na fase de investigação.

Se a denúncia for aceita pela maioria dos 11 ministros do STF, Trutis e Ciro Fidélis, então, se tornarão réus e irão responder pelas acusações na suprema corte.

Investigação da PF e denúncia

A análise é feita na Corte após pedido da Polícia Federal em denúncia à PGR (Procuradoria-Geral da República) contra o parlamentar – ele poderá se tornar réu por quatro crimes denunciados pela Procuradoria: posse ilegal de arma de fogo, falsa comunicação de crime, disparo em via pública e dano.

Para a PF, Trutis (PL) encenou o atentado: a conclusão, cujas informações investigadas já apontavam para simulação por parte do parlamentar, está em relatório encaminhado ao STF, no qual a polícia pede indiciamento de Trutis e de Ciro Fidelis, assessor que acompanhava o deputado naquela ocasião.

Em seis pontos, a PF cita que o veículo descrito como autor dos disparos foi ‘exaustivamente procurado e não foi localizado', mesmo com a análise de todas as câmeras de segurança instaladas no percurso feito pela dupla. “Tanto o deputado federal Loester Carlos Gomes de Souza quanto seu assessor Ciro Nogueira Fidelis faltaram com a verdade durante os seus depoimentos”, traz um dos trechos.

Em reportagens sobre a investigação, foi relatado, a partir das análises dos policiais federais, que a caminhonete descrita pelos dois como sendo o veículo que teria os perseguido, seria ‘velha e lenta' e não teria como protagonizar atentado. Em outro trecho, é dito que, no dia, parlamentar e assessor sequer teriam sido perseguidos. Eles estavam em um Toyota Corolla.

Segundo a investigação, os dois deixaram de informar que saíram da BR-060 para duas estradas vicinais, ‘onde inclusive chegaram a parar e desligar a ignição do veículo'. Justamente em uma dessas estradas, foram encontradas seis cápsulas de munição calibre 9mm, além de fragmento de vidro, que pode ser do veículo em que estavam.

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Relatora concluiu que Trutis simulou atentado para capitalizar politicamente defesa de armas | Foto: Reprodução | Redes sociais

Na ocasião, o Jornal Midiamax procurou o deputado e o assessor, por mensagem, à época do pedido da Polícia Federal. Loester Trutis disse que o inquérito é político e que vai provar tal afirmação. “Delegado está usando o cargo na PF pra ganhar notoriedade e ir pra Brasília. Tem inclusive apoio de políticos influentes do estado”, disse à reportagem. Ciro Fidelis não se manifestou.