A descrição dada pelo deputado federal Loester Trutis (PSL-MS) sobre o veículo supostamente envolvido em atentado contra ele, em fevereiro deste ano, levou a Polícia Federal a uma caminhonete “velha e que não desenvolve grande velocidade”, conforme relato do próprio dono do carro.

Trutis contou com detalhes à polícia que os disparos contra o Toyota Corolla em que estava teriam vindo de um “de um veículo L200 azul bem escuro”. A placa terminaria em 18, “com certeza”, e seria do antigo, anterior ao padrão Mercosul atual.

Com a informação, a Polícia Federal recorreu à PRF (Polícia Rodoviária Federal) e outros bancos de dados para encontrar carros compatíveis. Centenas de veículos passaram pelo filtro dos investigadores, até que encontraram um único modelo Mitsubishi L200 azul, localizado em – distante 230 quilômetros de .

O proprietário, um fazendeiro de 71 anos, disse que o carro costuma ficar em um terreno ao lado de sua casa. Ele descreveu o veículo como “velho”, que “costuma apenas rodar em Dourados por ter receio que ele possa apresentar problemas mecânicos”.

Em pedido à Justiça para expedição dos mandados de busca e cumpridos no último dia 12, a própria Polícia Federal classifica a caminhonete como “antiga e deteriorada, que certamente não teria condições mecânicas razoáveis para ser utilizada em um atentado em face de alguém que estava embarcado em um potente Toyota Corolla”.

Além disso, câmeras de segurança às margens da , saída de Campo Grande para , não registraram a passagem de nenhum carro com as características descritas por Loester Trutis em horário aproximado ao qual trafegava o Corolla do deputado.

Os policiais também não identificaram qualquer indício de perseguição ao veículo do parlamentar.

Operação Tracker

As investigações da Polícia Federal acerca do suposto atentado sofrido por Trutis em fevereiro deste ano se voltaram contra o próprio parlamentar a partir de trabalhos periciais. Laudos balísticos, de exame de local e informações de georreferenciamento entraram em rota de com o que alegava o deputado e seu ex-assessor, Ciro Nogueira Fidelis.

Assim, a PF concluiu que o atentado foi simulado por Trutis, de olho em dividendos políticos e eleitorais. O parlamentar é um entusiasta voraz da flexibilização do Estatuto do Desarmamento.

Para a ministra , que autorizou a abertura de inquérito pela Procuradoria-Geral da República, as provas obtidas até agora podem implicar Loester Trutis nos crimes de de fogo de uso permitido, disparo de arma de fogo, dano e comunicação falsa de crime.

Trutis chegou a ser preso no último dia 12, durante cumprimento de mandados de busca e apreensão. O parlamentar portava um fuzil de uso restrito.

Além de Loester, foram alvos dos mandados de busca e apreensão cumpridos no âmbito da Operação Tracker seu irmão, Alberto Carlos Gomes de Souza; seu ex-assessor, Ciro Nogueira Fidelis; bem como Jovani Batista da Silva, ligado ao Movimento Conservador de Mato Grosso do Sul.