O de Mato Grosso do Sul Luiz Henrique Eloy Amado está entre os cotados para comandar o Ministério dos Povos Originários, pasta proposta no governo do presidente da República eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Indígena , ele atua na Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).

Além dele, foram mencionados os nomes da deputada federal Joênia Wapichana (Rede-RR); as deputadas federais eleitas Sônia Guajajara (PSOL-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-MG); e Beto Marubo, membro da Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari).

Povos originários são aqueles que são os descendentes dos primeiros habitantes de um território. No Brasil, os indígenas já habitavam antes da chegada dos colonizadores europeus.

Ao Jornal Midiamax, Eloy Terena, como é conhecido, disse ter ficado honrado com a menção, mas que ainda não foi abordado pela equipe de transição.

“Não foi feito nenhum convite ou contato oficial até o momento, são apenas sondagens. Mas só o fato de ser criado esse ministério, seja quem for ocupar, estaremos prontos para contribuir”, disse.

A Apib está colaborando com a transição no governo federal, e Eloy disse que aceitaria o convite caso fosse formalmente chamado. “Sinto-me honrado com meu nome no centro das discussões. Consideramos um marco histórico esse Ministério dos Povos Originários, já que os povos indígenas foram por muito tempo desconsiderados”, concluiu.

Eloy Terena é natural da aldeia Ipegue, em Aquidauana. É coordenador jurídico da Apib e já atuou em casos no STF (Supremo Tribunal Federal), na Corte Interamericana de Direitos Humanos e no Tribunal Penal Internacional.

Advogado, é doutor em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da UFF (Universidade Federal Fluminense) e doutor em Antropologia Social pelo Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Possui pós-doutorado em ciências sociais pela École des Hautes Études en Sciences Sociales, na França. 

Liderança de MS considera avanço e diz que seria orgulho ter ministro sul-mato-grossense

Lindomar Ferreira da Silva, liderança indígena Terena, avaliou que a criação da pasta é um marco histórico. 

“Para nós, a segunda maior população indígena do Brasil, é de uma importância emblemática. Mato Grosso do Sul tem mais de 80 mil indígenas, oito etnias e um dos campeões de violência contra os povos originários. É um avanço, visto que nos últimos quatro anos, os povos indígenas resistiram bravamente para que nossos direitos não fossem retalhados”, comentou.

Da aldeia Argola da Terra Indígena Cachoeirinha, em Anastácio, Lindomar Terena ainda comentou que também seria relevante um indígena do Estado comandar o futuro ministério.

“Temos uma grande expectativa, a melhor possível com essa pasta, ainda mais tendo uma Terena do Estado à frente. Para nós, seria um motivo de bastante orgulho, mas também de responsabilidade para os povos do Estado e do Brasil inteiro”, afirmou.