Com ameaça de paralisação nos ônibus de Campo Grande por atraso no pagamento de vales aos motoristas, vereadores usaram a tribuna em sessão nesta terça-feira (23) para criticar a postura do Consórcio Guaicurus. Para Tiago Vargas (PSD), o consórcio passa dos limites com a quantidade de problemas e, sempre que há pressão para solucioná-los, ameaça abandonar o serviço.

“Se for por falta de tchau, adeus”, alfinetou o vereador, sugerindo a abertura de concorrência para outras empresas interessadas em explorar o serviço. Avaliação similar tem o vereador Tabosa (PDT), que também defende abertura para novas concorrências. De acordo com ele, o consórcio maltrata os usuários. “Quem está sofrendo é a família do trabalhador, esse Consórcio Guaicurus tem algo de muito estranho, tem que tocar nessa ferida”, afirmou.

Além dos prejuízos aos usuários dos serviços, às famílias às quais Tabosa se refere são as dos motoristas que estão sem receber o vale. O benefício corresponde a 40% dos salários dos 980 funcionários. Antes da pandemia, o efetivo era de 1.500 pessoas.

Conforme o STTCU (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Coletivo Urbano de Campo Grande), os valores deveriam ter sido creditados no dia 20. Como a data caiu em um sábado, os funcionários aguardavam liberação na segunda-feira (22). Com constantes alegações da empresa sobre falta de recursos, o temor é que o dinheiro não seja repassado. O prazo limite estipulado para a quitação é esta terça-feira (23), às 16h. Caso isso não ocorra, o sindicato promete assembleia e paralisação a partir de quarta-feira (24).

Enquanto os trabalhadores reclamam e o sindicato cobra seus direitos, a população segue enfrentando problemas de superlotação. Passageira do ônibus linha 072, T. Morenão T. Nova Bahia enviou a foto do ônibus lotado por volta das 19 horas desta segunda-feira (22) em embarcar no ponto em frente ao Shopping Campo Grande, na Avenida Afonso Pena. “Coloca todos em risco com o vírus covid que está aí” diz a auxiliar administrativa de 40 anos que trabalha no shopping e prefere não se identificar.