O vereador Ademir Santana Delmondes (PSBD), investigado por envolvimento com agiotagem no âmbito da Operação Omertà, teve pedido de prisão preventiva negado pela Justiça. A decisão foi do juiz Olivar Augusto Roberti Coneglian, da 2ª Vara Criminal de Campo Grande, que alegou falta de provas e deferiu apenas pedido de busca e apreensão contra o político.

A participação dele veio à tona quando o Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Bancos, Assaltos e Sequestros) constatou que organização criminosa ligada a homicídios, também cometia crimes de caráter patrimonial, como exploração de jogos de azar, agiotagem, extorsão e receptação de veículos adulterados. 

Durante as investigações foi descoberto que o vereador trabalhou como motorista dos chefes do esquema e teria participado do transporte de vítimas da agiotagem. Relatos apontam que ele supostamente teria coagido e ameaçado um casal devedor, dizendo que os levaria para ‘negociar’ com seus superiores.

No local, marido e mulher foram ameaçados com armas de fogo e até mesmo taco de beisebol por outros funcionários e pelos articuladores da organização. No entanto, no entendimento do magistrado não havia evidências que constituíssem a necessidade da prisão do agora vereador.

“[…] não ficou suficientemente evidenciada nos presentes autos a sua participação ativa nos delitos de extorsão armada, agiotagem e lavagem de dinheiro imputados aos demais investigados e objetos desta medida. O que não significa que não possa ter participado”, pontuou.

Para o juiz, no relato das vítimas dá a entender que Ademir apenas fez o transporte delas. “Em sede preliminar, portanto, não se vislumbra a existência de elementos suficientes a justificar a prisão preventiva de Ademir Santana Delmondes, nada impedindo, contudo, a revisão da presente decisão caso apresentadas novas provas em desfavor do investigado e formulado novo pedido neste sentido no futuro”.

Neste sentido, autorizou apenas o cumprimento de mandado de busca e apreensão contra o vereador que chegou a atuar na empresa Pantanal Cap. Além dele, também foram alvos de pedido de prisão Jamil Name e Jamil Name Filho, empresários da Pantanal Cap, Juanil Miranda Lima, Benevides Cândido Pereira e Euzébio de Jesus Araújo, funcionários do grupo.

Agiotagem

Nesta quarta-feira (07), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e o Garras deflagraram a Operação Snowball, desdobramentos da Omertà, para cumprimento de cinco mandados de prisão e três de busca e apreensão.

Os suspeitos emprestaram dinheiro às vítimas, num período de quatro anos e, com cobrança de juros extorsivos, estipularam como crédito um valor milionário, tornando a dívida uma “bola de neve” (em inglês, Snowball). Em seguida, a dívida era cobrada por capangas que faziam ameaças.

Tal constrangimento ocorria no escritório da organização criminosa, local onde o casal vítima do esquema foi coagido a ceder imóveis e saldar a dívida. A organização dispunha de funcionários para buscar as vítimas e levá-las até o escritório, ou mesmo para ameaçá-las a comparecer a determinado local em determinada data.

A ação policial causou prejuízo milionário à quadrilha. Um dos bens perdidos do grupo é uma casa residencial situada no Jardim Monte Líbano, mesmo local onde, no mês de maio de 2019,o Garras e o Batalhão de Choque apreenderam um arsenal de guerra que estava sob cuidados de um guarda municipal e, conforme posteriormente apurado, pertencia aos líderes da organização criminosa.