Trutis se cala sobre inquérito da PF que derrubou atentado fake e se diz ‘vítima do sistema’

Em um vídeo de quase 7 minutos divulgado nesta sexta-feira (13), o deputado federal Loester Trutis (PSL) não falou um ‘a’ sobre a farsa do atentado simulado por ele em fevereiro de 2020 e descoberta pela investigação da Polícia Federal. Mas, disparou contra a imprensa e comentou sobre o cumprimento dos mandados do STF pela […]

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Em um vídeo de quase 7 minutos divulgado nesta sexta-feira (13), o deputado federal Loester Trutis (PSL) não falou um ‘a’ sobre a farsa do atentado simulado por ele em fevereiro de 2020 e descoberta pela investigação da Polícia Federal. Mas, disparou contra a imprensa e comentou sobre o cumprimento dos mandados do STF pela PF em seu endereço na quinta-feira (12).

Loester Trutis errou até trajetória das balas no atnetado fake, diz PF (Reprodução, DPF)
Loester Trutis errou até trajetória das balas no atnetado fake, diz PF (Reprodução, DPF)

Apesar de o relatório da Polícia Federal detalhar como o deputado federal fingiu um atentado a tiro mas errou até a trajetória das balas para confirmar a versão inventada, Loester Trutis, gravou para os seguidores se dizendo ‘vítima do sistema’.

No entanto, segundo a investigação da Polícia Federal, a motivação de Trutis para inventar o ‘atentado fake’ seria justamente forçar uma situação que fosse capitalizada politicamente em defesa do porte de arma por civis – uma das principais bandeiras do parlamentar.

As informações estão em documento oficial com a decisão da ministra Rosa Weber, do STF (Supremo Tribunal Federal), que autorizou os mandados judiciais contra o deputado federal, parentes e aliados políticos dele na manhã da quinta-feira (13).

Para assegurar aos leitores acesso à informação diretamente da fonte, o Jornal Midiamax disponibiliza a decisão da Ministra que liberou a Operação Tracker na íntegra.

‘Coca-cola e bis na PF’: deputado ainda nega prisão

“Fiquei lá a tarde, conversando com o pessoal da Polícia Federal, tomando coca cola, comendo bis”, disfarça o deputado federal, afirmando que não foi preso e notícias neste sentido seriam mentirosas.

Na verdade, no entanto, o deputado federal Loester Trutis chegou a ter a prisão em flagrante comunicada ao STF, ou seja, esteve preso em flagrante até decisão pela soltura que combina imunidade parlamentar com mudanças do pacote anticrime de Sérgio Moro.

Em petição protocolada às 18h21 desta quinta-feira (12), um delegado de Polícia Federal comunicou oficialmente a prisão em flagrante à Ministra Rosa Weber, conforme consta em documento verificável diretamente no STF. Confira o trecho que  cita explicitamente a prisão:Trutis se cala sobre inquérito da PF que derrubou atentado fake e se diz 'vítima do sistema'

‘Vítima do sistema’ e prestígio de Bolsonaro

Mesmo assim, no vídeo Loester Trutis segue o script da farsa. Postou texto dizendo que ‘tentaram tirar’ a vida dele e ‘agora o sistema tenta jogar a culpa em mim mesmo’. Cita o pedido de impeachment contra Reinaldo Azambuja (PSDB) feito à Assembleia Legislativa e cobrança aos deputados estaduais sobre CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e conclui: ‘sempre serei tratado como vilão’.

Apesar de todas as evidências listadas pela Polícia Federal, que acessou até informações de GPS para desmascarar o atentado fake, além de manter o discurso de vítima, Trutis ainda tenta pegar carona no prestígio do presidente Jair Bolsonaro: “Se você acredita que eu realmente seria capaz de atirar em meu próprio carro, você fez parte das pessoas que acreditam que o presidente Jair Bolsonaro forjou a própria facada, ou que uma jovem é culpada do estupro por estar de roupa curta”.

O que diz o relatório

No vídeo, ele afirma, ainda, que estaria com documento expedido pela Polícia Federal, certificando que a arma que, durante a busca em sua casa foi tida como de uso proibido, ‘era apenas de calibre restrito e não configura crime inafiançável’.

O fuzil em questão foi o responsável pela prisão em flagrante, já que a arma é classificada como de uso restrito, nos termos dos Decretos Presidenciais nº 9.845, 9846 e 9847/2019 e da Portaria nº 1.222/2019 do Comando do Exército.

“Com base nesta descrição fática, entende a autoridade policial estar caracterizada a prática, em flagrante, do crime de posse ilegal de arma de fogo de uso restrito, o qual seria classificado como hediondo e, portanto, insuscetível de arbitramento de fiança como medida cautelar substitutiva da prisão”, considera a peça.

Todavia, manifestação do MPF (Ministério Público federal), em parecer da lavra do Subprocurador-Geral da República Humberto Jacques de Medeiros, postulou pela reconhecimento da liberdade provisória sem fiança, condicionada a inexistência de contato Ciro Nogueira Fidelis e Jovani Batista – também alvos da Tracker – até oitiva deles pela autoridade policial.

Trutis foi liberado ainda na quinta-feira (12), após oitiva no prédio da Polícia Federal, em Campo Grande. Ele seria levado ao Presídio Militar da Capital, onde ficaria custodiado pelo crime inafiançável – até que decisão ordenou sua soltura.