Os deputados petistas Cabo Almi e Pedro Kemp acabaram discutindo com o deputado estadual Coronel David (PSL) nesta terça-feira (26) durante a sessão por conta da carta enviada pelo Ministro da Educação Ricardo Rodríguez às escolas do país pedindo para que o documento fosse lido aos alunos e que fosse executado o Hino Nacional, com filmagens a serem feitas pelos professores, diretores, e encaminhadas ao Governo Federal.
O ministro finaliza a carta com o slogan usado durante a campanha do presidente Jair Bolsonaro, ‘Brasil acima de tudo. Deus acima de todos’, diferente do slogan adotado pelo governo, que é “Pátria Amada Brasil”.
“O pedido do minidtro para filmar as crianças gritando esse slogan usado na campanha é uma atitude antidemocrática. Não podemos abdicar da Democracia, filmando crianças sem a autorização dos pais. Apesar de ser militar, sou contra o regime militar e a favor da Democracia”, criticou.
Pedro Kemp (PT) usou uma parte da fala do colega de partido para também comentar a carta. “Esse ministro é um aloprado. Uma vergonha para o país, vexame para os brasileiros. Quer filmar? Filma a falta e estrutura nas escolas, falta de bebedouros, banheiros sem manutenção. Não aluno divulgando slogan de campanha”, disse.
Correligionário do presidente, o deputado Coronel David (PSL) defendeu a atitude do ministro. “Eu fico, primeiro, feliz de vocês saberem de cor qual foi o slogan de campanha do nosso presidente Jair Bolsonaro. Mas quem votou no nosso presidente quer que crianças cultuem os símbolos nacionais e não fiquem dançando funk nas escolas como no governo do Lula e da Dilma”, disse.
Para David, a carta é um pedido do ministro e não uma ordem. “O assunto está sendo deturpado pelos deputados. Eu peço para que vocês tragam assuntos importantes para serem debatidos”.
O comentário irritou Kemp. “Você não coloque palavras na minha boca. Também, você está apaixonado. Tirou 50 mil votos pelo partido do Bolsonaro. Me traga coisas boas do seu presidente que eu falo delas. Por enquanto o governo de vossa excelência só fez tirar os direitos dos trabalhadores”, disse, em referência ao projeto da Presidência sobre a reforma da previdência, apresentado na semana passada no Congresso Nacional.
Carta polêmica
O envio da carta do ministro Ricardo Vélez Rodríguez gerou polêmica nas redes sociais. As escolas de Pernambuco chegaram a anunciar em coletivo que não cumpririam o pedido de filmar os alunos.
Nesta terça, no entanto, o Ministério da Educação editou a recomendação, afirmando ‘reconhecer o equívoco’. Segundo o Ministério, a carta é para ser lida no primeiro dia letivo deste ano e foi “devidamente revisada a pedido do ministro, após reconhecer o equívoco, tendo sido retirado o trecho também utilizado durante o período eleitoral”.
Membro do partido de Bolsonaro, a deputada estadual Janaína Paschoal (SP) afirmou via Twitter que o pedido era ‘surreal’, mas ironizou as reações sobre a carta.
Ministro, contrate urgentemente um assessor jurídico, especialista em ECA. Não se pode sair filmando as crianças (isso vale para os amantes de face, insta, etc). Ademais, primeiro realize algo concreto e os elogios virão naturalmente…
— Janaina Paschoal (@JanainaDoBrasil) February 26, 2019
(Com Ludyney Moura)
