O empresário João Baird, seu sócio Antônio Celso Cortez, o ex-secretário adjunto de Fazenda de Mato Grosso do Sul André Luiz Cance e Romilton Rodrigues de Oliveira, apontado como laranja de Baird são os alvos dos pedidos de prisão preventiva, ou seja, sem tempo determinado, na sexta fase da Operação Lama Asfáltica deflagrada nesta terça-feira (27). Cance e Romilton estão foragidos.

De acordo com a Polícia Federal, os quatro estariam envolvidos em suposto esquema de lavagem e envio de dinheiro para o exterior, principalmente para o Paraguai. O pedido foi deferido pelo juiz substituto da 3º Vara da Justiça Federal de Campo Grande Sócrates Leão Vieira. Romilton seria laranja de Baird e ex-funcionário da sua ex-esposa. Cance lavaria dinheiro para Baird por meio de compras de imóveis e Antônio Cortez atuou em conjunto com o empresário para emitir notas frias para recebimento de propina.

Em 2013, Romilton teria declarado apenas R$ 13 mil, mas um acréscimo de bens de R$ 23 mil para R$ 617 mil, oriundos da doação de uma fazenda ao seu pai e uma dívida de R$ 250 mil com o empresário chamou a atenção da Polícia Federal. Depósitos, pagamentos e cheques de R$ 35 mil em 2009, R$ 40 mil em 2010 e R$ 80 mil em 2011 de Baird para o funcionário e a compra de uma fazenda no Paraguai em nome de ambos revelou o esquema.

Todo o elo entre o empresário e o funcionário, que tornou-se seu laranja, foi descoberto pela Polícia na segunda fase da Operação Lama Asfáltica, a partir de um extrato bancário em nome de Romilton que estava na casa de Baird.

Entre 2012 e 2017, o conglomerado econômico que seria supostamente do empresário João Baird recebeu pouco mais de R$ 792 milhões do governo de Mato Grosso do Sul, por serviços na área de TI (Tecnologia da Informação).

A força-tarefa do MPE-MS (Ministério Público Estadual de Mato Grosso do Sul) chegou a apontar as empresas Itel Informática, PSG Tecnologia Aplicada, Digitho Brasil Soluções em Software, atual Digix, e Mil Tec Tecnologia da Informação, como o ‘conglomerado’ ligado ao empresário que, juntas, fecharam contratos de quase R$ 800 milhões apenas nos últimos cinco anos e meio.

Antônio Celso Cortez, dono da PSG Informática, é apontado como sócio e braço direito de Baird, que seria o verdadeiro dono da empresa. A Itel Informática, atual Mil Tec, teria emitido seis notas frias para o ex-governador André Puccinelli em recebimentos de propina da JBS, segundo a investigação.

A PSG emitiu outras cinco notas. Em 2006, Cortez sobreviveu a uma queda de um avião de Baid em São Paulo, quando duas outras pessoas morreram carbonizadas.

Andre Luiz Cance foi apontado pelo diretor financeiro do grupo JBS, Demílton Antonio de Castro, como quem teria recebido propina em espécie para Puccinelli, mesmo depois de deixar o comando do Estado.

Demilton afirmou que Cance, ex-secretário de Fazenda de Puccinelli, recebeu montante milionário como “acerto de saldo”. O pagamento do valor, que teria como destino final o ex-governador, foi acertado entre Cance e o executivo Joesley Batista. Cance também é apontado como quem lavaria dinheiro para o grupo, em documentos que teriam sido encontrados no Instituto Ícone, do filho do ex-governador.

A Polícia aponta que o ex-adjunto teve um crescimento patrimonial injustificável: de R$ 1 milhão para mais de R$ 16 milhões em poucos anos.

Computadores de Lama

São cumpridos 29 mandados, sendo quatro de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão, além do sequestro de valores nas contas bancárias dos investigados e empresas investigadas.

As cidades alvo da operação são Campo Grande, Jaraguari, Dourados e Paranhos. Ao todo, 100 policiais federais, 17 servidores da CGU e 33 servidores da Receita Federal participam da operação.

Em todas as fases da operação Lama Asfáltica, 57 pessoas foram denunciadas, entre elas o ex-governador do Estado André Puccinelli, que está preso desde julho deste ano em uma das fases deflagradas pela Polícia Federal.

(Com Richelieu Pereira)