Sete militares são condenados por agredir suspeito durante prisão
Três dos policiais estão envolvidos em abordagem ‘exagerada’ a adolescente
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Três dos policiais estão envolvidos em abordagem ‘exagerada’ a adolescente
Os três policiais militares presos em janeiro do ano passado por agredir um adolescente durante uma ocorrência, voltaram a ser alvo da Justiça pelo mesmo crime. Larissa Melgarejo Zapata, Ivanderson Zanardi Aguirre, Ivan Luiz da Silva e outros quatro militares, foram condenados por provocar lesões um jovem de 20 anos, durante um flagrante por tráfico de drogas, realizado também em janeiro de 2016.
Além dos três militares, foram julgados e condenados os soldados Roberto Ribeiro Leite, Leandro Ferreira Nanes dos Santos, Cleber Moraes Cinque e Jhony Carlos da Silva, pelos crimes de constrangimento ilegal majorado, lesão corporal leve, coautoria e violação de dever inerente ao cargo, estando em serviço.
O julgamento aconteceu no dia 20 de setembro e foi divulgado na manhã desta segunda-feira (25) no Diário de Justiça de Mato Grosso do Sul.
Na denúncia, os sete policiais militares são acusados de agredir um preso por tráfico de drogas. O flagrante aconteceu no dia 8 de janeiro, 11 dias antes do caso de agressão ao adolescente.
A guarnição teria abordado a vítima e um amigo no Jardim Tarumã. Eles voltavam de uma pizzaria quando foram abordados pelos policiais e levados para a residência em que moravam. O rapaz, na época com 20 anos, afirmou que foi imobilizado com um mata-leão e dentro casa, violentamente agredido para confessar onde guardava uma arma de fogo.
Ele afirmou que recebeu socos e chutes de todos os militares, que chegaram a pisar em sua garganta para fazê-lo confessar. O rapaz alegou ainda que em determinado momento foi enforcado com uma corda e só depois que a guarnição percebeu que ele não possuía arma, o levaram para a delegacia.
No dia do ocorrido, os policiais apreenderam 189 porções de maconha, embaladas para venda, totalizando 1,5 quilos do entorpecente e dinheiro. Segundo o registro policial da data, a vítima e o amigo teriam corrido para fugir da abordagem dos policiais, mas capturados acabaram confessando o tráfico.
Condenação
Cleber, Leandro e Ivanderson, na soma das penas, foram condenados a 6 meses e 20 dias de detenção em regime aberto. Pelos mesmos crimes, Roberto e Ivan Luiz, foram condenados a 6 meses e 6 dias, também em regime aberto. O juiz ainda concedeu aos cinco militares “suspensão condicional da pena privativa de liberdade” caso cumpram medidas cautelares.
Segundo a decisão, durante todo o período da pena, eles deveram prestar serviços gratuitos à comunidade, em instituições beneficentes particulares ou pública escolhidas pelo juízo, comparecerem mensalmente em Juízo para comprovar o atendimento e informar suas atividades, não serem presos ou processados criminalmente, não mudarem de endereço, nem saírem da cidade sem autorização judicial, não frequentarem bares, prostíbulos e similares, e recolherem-se às residências até às 22h, caso não estejam de serviço.
O soldado Jhony Carlos da Silva foi apontado durante o julgamento como o PM que mais agrediu a vítima e o responsável por sufocá-la. Ele foi reconhecido por fotos e acabou condenado a 10 meses e 20 dias de detenção, também no regime aberto.
Apontada como a comandante da guarnição no dia do crime e uma das agressoras, a soldado Larissa Melgarejo Zapata foi condenada a pena de 1 ano, dois meses e 20 dias em regime aberto. Em janeiro deste ano, a policial foi condenada a 1 anos 11 meses e 22 dias de detenção pelas agressões ao adolescente, na época com 15 anos.
O caso, que aconteceu no dia 19 de janeiro de 2016, teve ampla divulgação na mídia e resultou na prisão da policial e na de Ivanderson e Ivan, ambos envolvidos nas duas agressões. Os militares, assim como o PM Alex Sandro de Lima Viana, 33 anos, também foram condenados em janeiro deste ano pelo crime. Enquanto Alex e Ivanderson foram condenados a sete meses e 29 dias em regime aberto, Ivan cumpre pena de um ano, sete meses e seis dias.
Levando em consideração “a intensidade dolosa e a personalidade da ré”, o juiz não concedeu suspensão de pena a soldado Larissa. Jhony também não ganhou o benefício, pelos mesmos motivos.
Caso antigo
Durante rondas, os militares teriam abordado dois rapazes em uma motocicleta, em atitude suspeita. Segundo relatado no processo, o passageiro, um garoto de aproximadamente 15 anos, que já tem passagens por furto, desceu do veículo enquanto o piloto da moto fugiu. A viatura teria ido atrás do motociclista, não conseguiu alcançá-lo e retornou para abordar novamente o adolescente.
Foi neste momento que os policiais teriam levado o jovem até um local ermo e tentado obrigar que ele revelasse o paradeiro do comparsa. O menor afirmou que sofreu agressões por três dos quatro militares que estavam na viatura, sendo pressionado a dizer o endereço do rapaz que pilotava a motocicleta.
O garoto acabou passando o endereço da própria casa, e levado ao local, uma residência no Jardim Imá. Lá os pais do menino descobriram a prisão. O pai do adolescente ligou para o 190 e a Corregedoria da PMMS foi acionada. Algum tempo depois, o garoto, que foi deixado nas proximidades do Detran (Departamento Estadual de Trânsito). (Foto: Imagem divulgada depois da prisão por tráfico de drogas no dia 8 de janeiro).
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