Deputado de MS admite que é difícil reverter cassação

O deputado federal Carlos Marun (PMDB-MS) acha difícil ser revertida a decisão desta terça-feira (14), em que a Comissão de Ética da Câmara aprovou relatório pedindo a cassação do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente afastado da Câmara Federal. O parecer foi aprovado por 11 votos favoráveis e 9 contrários. Ainda segundo o deputado sul-mato-grossense, Cunha ficou frustrado com a decisão.

Para o parlamentar, esta é uma decisão difícil de reverter e há tempos não via os petistas sorrirem como ontem.

“É uma derrota grave e não vislumbro uma possibilidade de vitória. Não vejo como o deputado Eduardo Cunha vai reverter essa derrota. Na verdade foi uma vitória do pessoal que foi contrário ao impeachment, tanto que a comemoração foi deles. Deu um gosto de vingança por que todos sabem que Cunha foi o comandante aqui no Congresso do processo que levou o afastamento da presidente. Pela primeira vez em muito tempo conseguimos ver os petistas sorrirem”.

De acordo com o deputado, Cunha está frustrado com toda essa situação. “Ontem estive lá com ele, para uma visita rápida e somente pra me solidarizar. Ele não demonstrava estar desesperado. Estavas discutindo com os advogados de defesa, mas é evidente que estava bem frustrado. Durante todo o encaminhamento da reunião, a sinalização era de que seria aprovado a pena menor que permitiria que ele renunciasse a presidência e fosse se defender do STF (Supremo Tribunal Federal). De fato foi uma surpresa, para ele nada agradável”.

Marun relata que foi uma votação surpreendente por algumas mudanças de votos. “Foi uma derrota seria, surpreendente pelas manifestações durante a reunião. Houve dois deputados, por exemplo, que mudaram seu posicionamento, pois durante a reunião sinalizaram claramente um voto por uma punição menos grave que estávamos defendendo e no momento de votar mudaram o voto”.

Carlos Marun havia dito anteriormente que iria aconselhar Cunha que renunciasse ao cargo de presidente da Câmara Federal e ele disse nesta quarta-feira (15), que ainda pensa que seja a melhor opção. “Estou avaliando e talvez volte a insistir nessa situação, porque obviamente não havia clima para essa conversa. Eu ainda penso que seria a melhor opção. Não sei se terei argumentos para convencê-lo, mas vejo como melhor medida”.

Ao ser questionado sobre o clima no Congresso Federal, Marun disse que se fosse uma votação secreta isso não teria ocorrido. “Na verdade se fosse votação secreta, Cunha não seria cassado. A vontade da casa não era uma cassação dele, pois 367 deputados votaram a favor ao impeachment e todos sabem que isso aconteceu em função da liderança e comando de Eduardo. Se fosse uma votação secreta a cassação não aconteceria. Então a casa ontem ficou chocada, por que nem todos tem a coragem de votar de acordo com sua vontade”.

Decisão

O Conselho de Ética e Decoro Parlamentar aprovou, nessa terça-feira (14), por 11 votos a favor e 9 contra, o relatório do deputado Marcos Rogério (DEM-RO) que pede a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) por quebra de decoro parlamentar.

Cunha foi considerado culpado, pelo colegiado, de ter mentido em depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, em maio de 2015, sobre a existência de contas bancárias de sua propriedade no exterior, mais precisamente em bancos suíços. Em sua defesa, Cunha alega que não possui contas bancárias não declaradas no exterior e sim trustes (entidades que administram bens e recursos).

Durante a reunião, um dos votos mais esperados foi o da deputada Tia Eron (PRB-BA), que estava sendo considerado decisivo frente às declarações dos outros membros do conselho. Ela votou seguindo o relatório de Marcos Rogério.

Outro voto que surpreendeu foi do deputado Wladimir Costa (SD-PA), que chegou a encaminhar voto contra o parecer de Marcos Rogério e acabou seguindo o relator. (Agência Câmara).