Vereadores terão que escolher entre defender o próprio mandato ou apoiar o prefeito

Os próximos dois anos serão uma prova de fogo para vereadores e o prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP). Perto de completar um ano de gestão, o prefeito que chegou ao cargo com apoio de 23 parlamentares, após cassação de Alcides Bernal (PP), vive momento decisivo rumo à disputa pela reeleição ou desistência por falta de apoio.

Olarte afirma que a relação com os vereadores é muito boa. Mas, na Câmara, o clima é de incerteza e de ansiedade em relação ao futuro do prefeito. Isso porque Olarte recebeu um prazo curto para mudar, caso não queira enfrentar uma oposição maior na Câmara.

Recentemente, o prefeito ouviu reclamações de vereadores da base, mas alega que ligou para Paulo Siufi (PMDB) e Edson Shimabukuro (PTB), prometendo cargos em troca de uma boa relação. Ele acredita que este entendimento deve segurar os vereadores, que ameaçavam se declarar independente.

A situação de Olarte é complicada porque os vereadores também precisam mostrar trabalho, já que agora têm só dois anos de mandato pela frente. Neste caso, comprar uma briga do prefeito, que pode nem continuar, seria arriscado para quem tenta a reeleição.

Assim, se já era difícil para Olarte achar quem o defendesse na Câmara, motivo pelo qual trocou até de líder, agora será um bom teste para saber quem está disposto a conduzi-lo para novo mandato, desta vez eleito para prefeito e não para vice.

O primeiro teste de fogo para Olarte será a CPI que vereadores querem abrir para investigar obras da gestão e denúncias de buracos fantasmas. O caso ganhou repercussão nacional e agora vereadores terão que decidir entre acobertar possíveis irregularidades ou mostrar que a Câmara de fato é independente e defende os interesses da população.

Além dos buracos, Olarte ainda convive com o fantasma do processo sigiloso iniciado pelo Gaeco. Como pouca gente sabe o conteúdo do processo, ninguém quer se arriscar a colocar a mão no fogo. Olarte também sofre com o inchaço na folha de pagamento, provocado pelo exagerado número de comissionados e pela grande quantidade de obras paradas, mesmo com dinheiro em caixa.

O prefeito também corre risco porque optou por atender a interesses pessoais de vereadores. São poucos os atendidos com indicações a cargos para o que chamam de “auxílio a administração”: Paulo Siufi, Edil Albuquerque (PMDB), Edson Shimabukuro, João Rocha (PSDB), Airton Saraiva (DEM), Carlão (PSB), Delei Pinheiro (PSD) e Coringa (PSD). Este número não representa 1/3 dos vereadores.

Pesa ainda para Olarte o fato dos vereadores também terem interesses partidários. Isso pode fazer com que alguns engrossem o discurso contra o prefeito, que não goza de uma fidelidade tão grande na Câmara. A dificuldade de Olarte é tão grande que ele não tem nem partido no momento. Ele ainda precisa definir para onde vai para depois ver com quem poderá contar. Diante de tanta dificuldade, ele não quer nem ouvir falar em eleição e tem afirmado que só vai pensar neste assunto a partir do ano que vem.