Parlamentares questionam articulação política feita pelo prefeito da Capital

O prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), está perto de completar um ano de mandato, mas já não estaria com a mesma avaliação do começo da gestão, quando chegou ao cargo após cassação do correligionário Alcides Bernal. Na Câmara Municipal, vereadores que são da base e apoiavam Olarte assim que ele chegou ao cargo não acreditam que ele seria eleito se a disputa fosse hoje.

“Do jeito que está aí não reelege não. Para reeleger tem que mudar, compactar, se alinhar com outros partidos. Hoje PSDB e PMDB não têm compromisso com ele. Ele não tem partido e os que estão com ele não estão abraçados. Ninguém tem compromisso fechado. Hoje ele é amigo de 15 a 20 vereadores, mas tem pendência com todos. Para morrer abraçado, vereador precisa estar contente. Do jeito que está hoje, terá muita dificuldade”, avalia o vereador Carlão (PSB).

O vereador Chiquinho Telles (PSDB) faz duras críticas ao comportamento do prefeito, avaliando que a vaidade e o ego têm prejudicado. “É o pai dos filhos bonitos. Tudo tem que ser ele e os feios para outros. Quando é coisa errada a culpa é dos outros, tudo da Câmara. Vai lá e joga a culpa pela chuva para São Pedro. Se continuar neste batidão, trocando secretários importantes a cada dois meses, não consegue a reeleição”, analisa.

O líder do PMDB na Câmara, vereador Vanderlei Cabeludo, também não vê grandes chances para Olarte, principalmente por conta do isolamento dele em relação a outros partidos. “Terá muita dificuldade. Muita, muita, muita. Ele não consolidou a base. Tem mais dois anos ainda, mas está muito isolado neste sentido e deste jeito não vai a lugar nenhum”, opina.

O vereador Flávio César (PTdoB) entende que o prefeito precisa construir esta candidatura e que a vitória dependerá muito mais dele do que dos vereadores ou da própria população. “Vai depender muito da atuação dele daqui para frente. No final de 2015 este processo vai estar mais avançado e mais maduro para que possa fazer uma análise melhor e entrar em 2016 com percepção melhor daquilo que vai ser melhor para cidade”, concluiu.

A gestão

Nos bastidores, o prefeito trabalha focado em viabilizar sua reeleição – uma das demonstrações disto estaria nas mudanças, ainda sendo feitas, no time da comunicação. Ele ainda não tem partido para entrar na disputa e garante que, apesar da demora, não está sendo descartado, pois teria convite de várias legendas.

Ultimamente, o prefeito adota a tática de cumprir uma espécie de ‘agenda surpresa’ em postos de saúde e obras, por exemplo. Usa o site da Prefeitura para divulgar as visitas e mostrar que está trabalhando, além de ter uma equipe paralela para trabalhar sua imagem no Facebook.

À imprensa, torce o nariz para temas que entende ser contrários à administração e recebe críticas por não ter respostas objetivas a questões cotidianas da vida pública da cidade. “Vamos falar de coisa boa”, é uma das principais frases de Olarte quando abordado por jornalistas.

Neste quase um ano, o prefeito conseguiu concluir a obra de recapeamento da Avenida Guaicurus – mas não inaugurou a ‘nova’ Júlio de Castilho, à volta com problemas no projeto – e implantou o Cempe (Centro Municipal Pediátrico), no Centro da cidade. Vive sob suposta ameaça de instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o serviço de trapa-buracos na cidade, além de ter passado por problemas em relação à greve dos professores, no fim do ano passado – alguns vereadores dizem que ele mostrou falta de habilidade política para lidar com a situação – e uma confusão com a própria equipe quando anunciou, e depois voltou atrás, mudanças no horário das creches.