A situação ainda é pior, disse Chiquinho Telles, porque o prefeito acha que está no caminho certo

Os últimos acontecimentos envolvendo o prefeito de Campo Grande (MS), Gilmar Olarte (PP), motivaram, já nos primeiros dias de trabalho na Câmara Municipal, a base alertar o chefe do Executivo: está na hora de trabalhar. O presidente da Casa de Leis, vereador Mario Cesar (PMDB), usou a tribuna na sessão de quarta-feira (4) e ressaltou que o período de transição de Olarte na Prefeitura já passou. “Tem que falar menos e fazer mais”.

A maioria dos vereadores endossou o discurso do presidente. “Tem feito quase nada. A cidade caminha capengando”, disparou Chiquinho Telles (PSD). A situação, diz, ainda é pior “porque o prefeito acredita estar fazendo certo”. O parlamentar voltou a criticar o discurso de Olarte – feito durante a sessão inaugural na segunda-feira (2) -, que anunciou uma série de melhorias na cidade. “A cidade dos sonhos que ele pregou eu não estou vendo, nem a população”.

Ao ressaltar que a Casa de Leis é independente, mas precisa trabalhar em harmonia com o Executivo municipal, Paulo Siufi (PMDB) disse que o período de experiência já passou e é preciso trabalhar. “Paciência todos tiveram”. Lembrou crítica antiga da própria Casa, com relação ao atendimento dos secretários municipais, que muitas vezes deixaram de atender os parlamentares. “Tem que parar de achar que é Deus, colocar a sandália da humildade e trabalhar”.

As recentes críticas na Casa de Leis foram acompanhadas da discussão, ainda que tímida, sobre a operação de tapa buraco ‘fantasma’, no qual um operário é flagrado aplicando massa asfáltica em um trecho de rua sem a irregularidade. Sobre isso, os vereadores manobram para trazer o secretário da Seintrha, Valtemir de Brito, para explicar o ocorrido e apresentar o contrato entre a Prefeitura e Selco Engenharia Ltda – uma das contratadas do Executivo para o serviço de tapa buraco.

O líder do prefeito, vereador Edil Albuquerque (PMDB), saiu em defesa de Olarte e pediu paciência. “Não adianta iniciar toda a sessão reclamando do prefeito. Temos que ajudá-lo”. Ainda em discurso, Mario Cesar afirmou que o prefeito só será cobrado “por aquilo que ele é capaz de cumprir”.

Tapa buraco fantasma

Apesar de não estar descartada, uma possível CPI sobre tapa buraco encontra resistência da maioria dos vereadores que prefere convocar o secretário, antes de qualquer medida mais rígida.  Os vereadores Paulo Pedra (PDT) e Luiza Ribeiro (PPS) já têm o requerimento com pedido de abertura do inquérito, mas conta com cinco assinaturas – metade do necessário.

Na sessão desta quinta-feira (5), o líder do prefeito se comprometeu a apresentar possível data para vinda do titular da pasta à Casa de Leis. Antes disso, aprovação de uma CPI é quase descartada. “Não vamos queimar etapa. Primeiro chama o secretário, caso não dê as explicações, aí sim não tenho problema em assinar [para abrir uma CPI]”, afirma o vereador Carlão (PSB).