Filho tem cargo na gestão de Olarte e é suspeito de ter ajudado envolvido no processo a ‘deixar’ MS

 

Com o fim do sigilo no processo do Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado) que investiga o prefeito Gilmar Olarte (PP) por corrupção passiva, continuidade delitiva e lavagem de dinheiro, se confirma que as investigações citam o filho de um desembargador do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul.

Nomeado secretário de governo de Gilmar Olarte assim que ele assumiu o lugar de Alcides Bernal, Rodrigo Pimentel é filho do desembargador Sideni Soncini Pimentel. Ele é citado por suspeita de “favorecimento pessoal”. Segundo denúncia do Gaeco, Rodrigo teria sido convocado por Olarte para facilitar a saída de Ronan Edson Feitosa de Lima de Mato Grosso do Sul.

Ronan é um dos réus da denúncia do Gaeco, suspeito de corrupção passiva e continuidade delitiva. Ele é apontado como o pivô do esquema que, segundo as investigações, realizou empréstimo de cheques de várias pessoas a pedido do então vice-prefeito, Gilmar Olarte. Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual, os cheques eram solicitados para serem trocados por dinheiro com agiotas, com promessas de cargos futuros e outras vantagens após cassação do prefeito Alcides Bernal (PP), que daria o cargo a Olarte.

No processo há uma gravação da ex-mulher de Ronan afirmando a outra pessoa que Rodrigo Pimentel daria suporte à fuga do ex, garantindo, a pedido de Gilmar Olarte, ‘suporte’ para a família, que incluiria cargos públicos para ela ou o filho do casal.

Batata quente

Com a implicação de parentes, fontes internas do Tribunal de Justiça garantem que o andamento do processo contra o prefeito Gilmar Olarte já seria tratado como ‘batata quente’ na corte estadual. O processo do Gaeco ainda aguarda parecer do desembargador Luiz Cláudio Bonassini. Ele é o terceiro no Tribunal de Justiça a pegar o processo do Gaeco. Francisco Gerardo de Souza e Maria Izabel de Matos Rocha se recusaram a relatar o processo alegando impedimento. Isso acontece, geralmente, quando há presunção absoluta (juris et de jure ) de parcialidade do juiz.

Gravação em processo do Gaeco contra Olarte envolve filho de desembargadorO desembargador Ruy Celso Barbosa Florence também declarou impedimento. Mas, neste caso, porque ajudou o Gaeco durante as investigações. Rodrigo Pimentel não é o único filho de desembargador com laços na gestão de Gilmar Olarte. O procurador geral do Município, Fábio Castro Leandro, também tem pai no Tribunal de Justiça. Ele é filho do desembargador Paschoal Carmello Leandro.

O processo já tem mais de 900 páginas e tramita no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, agora livre do sigilo. A última movimentação foi a liminar onde o desembargador negou pedido da defesa de Olarte. Apesar de afirmar que não tem nada a esconder, e que as denúncias são todas infundadas, o advogado de Gilmar tentou impedir que o sigilo fosse quebrado.