Prefeito usou jatinho de empreiteiro para ir com a esposa a Brasília

Reportagem do Jornal Midiamax revelando o uso de um jato particular pelo prefeito de Campo Grande, Gilmar Olarte (PP), e sua esposa, Andreia Olarte, em agenda oficial a Brasília (DF), pode gerar a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar o caso. Vereadores reúnem-se ainda nesta sexta-feira (13) para definir os encaminhamentos do pedido de abertura da investigação.

A aeronave é operada por uma empresa de João Baird, financiador de campanhas políticas e detentor de contratos milionários com diferentes esferas do Poder Público. Ele também é citado em caso de suposto desvio de dinheiro do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), entre 1999 e 2003 – na ocasião, denúncia do MPF (Ministério Público Federal) revelou prejuízo da ordem de R$ 30 milhões aos cofres públicos, valor que, atualizado, beira os R$ 50 milhões.

“A bancada de oposição vai se reunir hoje a tarde na Câmara e vamos discutir a denúncia publicada pelo Midiamax, da utilização, em viagem oficial do prefeito, de um jatinho de uma empresa que presta serviço para a Prefeitura. O procedimento que devemos encaminhar é uma CPI”, pontuou Luiza Ribeiro (PPS), no começo desta tarde.

Para a vereadora, uma CPI seria “o instrumento que Legislativo tem para fazer uma investigação”. A oposição quer saber todos os detalhes da agenda oficial cumprida em Brasília, destino final do jato levando Gilmar e Andreia.

“Nós queremos saber sobre o vôo e em que condições ele acontece, se foi de carona ou não, como se deu essa relação. Também vamos discutir em qual infração ele incorreu e qual a penalidade possível”, pontuou a vereadora. Segundo a parlamentar, o agente público não deveria aceitar receber ‘presentes’ ou ‘favorecimento’ de empresa que prestem serviço para o município.

Atualmente, a Itel Informática mantém pelo menos um contrato com a Prefeitura de Campo Grande. Detalhe: o acordo foi firmado em 2009 e, desde então, vem recebendo aditivos prorrogando o prazo, o último deles firmado em dezembro de 2014, tornando-o válido até abril próximo.

O contrato, o número 357, de 21 de setembro de 2009, é com o IMTI (Instituto Municipal de Tecnologia da Informação) e tem valor na casa dos R$ 12 milhões anuais. Trata do fornecimento de software e reprodução de documentos, entre outras coisas.

Recentemente, o MPF considerou ilegal a viagem do deputado federal Luiz Henrique Mandetta (DEM) a Portugal na época em que era secretário de Saúde de Campo Grande, com recursos pagos pela empresa responsável pela elaboração do Gisa. A definição da abertura da CPI acontecerá até o final do dia, depois que a oposição se reunir na Câmara de Campo Grande. 

*O proprietário da aeronave, João Baird, foi procurado na sede da empresa Itel Informática, mas segundo a telefonista o empresário ‘só passa’ pelo local. Na filial em São Paulo o telefone fornecido no site da Itel não completa as ligações. 

*(Matéria editada às 18h15 para acréscimo de informações)