Vereadores e prefeito vivem de ameaças que nunca chegam a uma atitude

 

A gestão de Gilmar Olarte (PP) apresenta uma situação curiosa na Câmara de Campo Grande. Diferentemente da Assembleia Legislativa, onde Reinaldo Azambuja (PSDB) pode dizer que conta com 20 dos 24 deputados, na Câmara ninguém consegue entender quem é da base e quem está na oposição ao prefeito.

Há vários dias os vereadores e prefeito vivem em um “morde e assopra” sem fim. Há todo momento alguém reclama do prefeito e da falta de eficiência dos secretários, faz ameaça, mas pouco tempo depois, acaba votando a favor da prefeitura. Ontem (3) a Câmara deu uma prova desta relação imprevisível entre vereadores e o prefeito. A base aliada derrubou mais de 10 vetos do prefeito, provocando até bate-boca na sessão. Paulo Pedra (PDT) ressaltou que a própria base estava derrubando os vetos e o líder do prefeito, Edil Albuquerque (PMDB) não gostou da declaração, que explicitou a fraqueza do prefeito frente aos vereadores.

No discurso, a maior parte da base alega que está independente e a favor de Campo Grande, em uma atuação bem diferente da gestão do ex-prefeito Alcides Bernal (PP). Naquela época eles preferiram tirar Bernal para o bem de Campo Grande. Hoje, falam em ajudar o prefeito para não prejudicar a cidade.

O fato é que Olarte resiste porque chegou ao cargo pelas mãos dos próprios vereadores, que o adotaram após a queda de Bernal. A aposta foi grande a ponto de vereadores entrarem de mãos dadas com o prefeito no primeiro dia dele no Paço Municipal. Hoje, são poucos os que continuam de mãos dadas, embora ainda mantenham proximidade.

Vereadores como Vanderlei Cabeludo (PMDB) e Chiquinho Telles (PSD) não se intimidam e expõem a situação, afirmando que os vereadores sentem-se responsáveis pela gestão de Olarte, visto que ele chegou ao cargo após cassação de Bernal. Segundo os vereadores, a Casa teme uma crise ainda maior com a saída de mais um prefeito.

Diante desta dificuldade, Olarte conta apenas com apoio de vereadores que têm proximidade maior por conta de cargos. É o caso dos vereadores Paulo Siufi (PMDB), Edil Albuquerque (PMDB), Airton Saraiva (DEM), Loester Nunes (PMDB), Coringa (PSD), Delei Pinheiro (PSD) e Carlão (PSB). Loester está com Olarte porque foi ajudado pelo prefeito quando Dr. Jamal foi para a secretaria de Saúde. A ida de Jamal deu o mandato a Loester. Já os demais foram beneficiados por indicações pessoais ou partidárias para cargos.

Na semana passada o PMDB e PTdoB anunciaram que fariam reunião para reavaliar a relação dos partidos com o prefeito, mas nenhum teve coragem de anunciar que não são mais da base. O mais curioso é que os partidos alegam não ter indicado ninguém para os cargos, mas acabam ficando amarrado pela participação de filiados. Este é o caso do PTdoB, que tem Beth Felix e Cícero D’Avila na gestão de Olarte.