Morador do Aero Rancho disse ter levado tapa de Puccinelli e, ainda assim, a polícia se recusou em registrar o episódio; em boletim de ocorrência, o denunciante aparece como agressor

O CDDH (Centro de Defesa dos Direitos Humanos) Marçal de Souza mandou um comunicado por escrito ao ministro da Secretaria de Direitos Humanos, Paulo Vanucci, informando sobre o episódio que teria motivado duas semanas atrás a briga do governador André Puccinelli, do PMDB, candidato à reeleição, e o montador de acessórios de carro Rodrigo Campos Roque, 23, no conjunto Aero Rancho, em Campo Grande, durante uma passeata eleitoral.

No confronto, o peemedebista teria dado um tapa no rosto rapaz que quis depois registrar o caso como vítima, mas a Polícia Civil recusou o propósito dele e o incluiu como agressor no boletim de ocorrência. Na próxima segunda-feira, Roque presta seu primeiro depoimento após a confusão, data que ele pretende, de novo, registrar o caso como agredido.

O presidente do CDDH Marçal de Souza, Paulo Ângelo, disse ter informado a Secretaria de Direitos Humanos, órgão ligado ao gabinete do presidente Lula, por achar injusta a recusa da polícia que, segundo ele, insiste em desprezar a versão do rapaz. “O CDDH Marçal de Souza, dirige-se à Vossa Excelência [Vannuchi], por solicitação do próprio declarante [Rodrigo Roque]. Vez que o mesmo encontra-se inconformado com o resultado dos procedimentos que culminaram com o não registro do boletim de ocorrência violação de direitos fundamentais”, diz trecho do ofício encaminhado ao ministro.

Versão

Versão do rapaz diz que ele foi à feira livre do conjunto Aero Rancho, em Campo Grande, onde encontrou Puccinelli distribuindo panfletos. O rapaz narrou ao CDDH que o governador lhe entregou um papel e disse: “Vocês veem aí que os jornais só falam bem de mim, que estou na frente nesta eleição”. O montador teria respondido: “os jornais não falam só bem do senhor, alguns jornais falam que o senhor rouba também”.

O governador, então, segundo versão de Rodrigo Roque, perguntou ao rapaz por que é que ele o teria chamado de ladrão. “Eu expliquei para o governador que eu estava apenas perguntando sobre as notícias dos jornais”.

Dali em diante, segundo o montador de acessórios, Puccinelli pôs a mão sobre seu ombro direito e “apertou forte”. “Senti uma dor muito forte, tentei-me afastar-me… e o governador André Puccinelli me deu um tapa na cara. Eu reagi instintivamente para me desvencilhar da agressão que eu estava sofrendo, dando um chute nas pernas do governador André Puccinelli. Em seguida fui imobilizado e algemado pelos seguranças do governador”, narrou o rapaz à entidade.

Outra versão

Já no boletim de ocorrência e de acordo com versão da assessoria imprensa do governador, o rapaz estaria bêbado, informação que ele nega, e teria xingado Puccinelli de ladrão. Questionado pelo candidato a razão da ofensa, Rodrigo Roque teria tentado dar uma tapa no governador, gesto contido pelo próprio Puccinelli. Em seguida, segundo o boletim policial, o rapaz foi levado para a delegacia.