Desde janeiro deste ano, o trecho da Rua Rui Barbosa, entre o Professor Severino Ramos de Queiroz e a Avenida Eduardo Elias Zahran, no Centro de Campo Grande, passa por do Reviva Centro. Entretanto, comerciantes da região reclamam de prejuízo desde o início das obras.

Birocan José Barbosa, de 65 anos, e a esposa Maria Izabel têm uma oficina de funilaria há 15 anos no local. Ele conta que a baixa de aproximadamente 80% no faturamento está causando inadimplência. “Estou com minha luz, internet e minha água cortada, porque eu não consigo mais pagar, não entra dinheiro. Antes fechava a semana com cerca de R$ 2 mil, hoje não consigo fechar isso nem no mês”, desabafa o comerciante.

Um trecho da se concentra exatamente em frente à oficina, o maquinário trabalha e uma parte da via está interditada. Ele explica que apenas os clientes mais antigos e fieis ainda mantém o movimenta o comércio, entretanto, ele teme ter que fechar o estabelecimento pela falta de lucro. “Os clientes do dia a dia acabaram, não tem onde parar o carro aqui na frente. Tem os clientes que eu conheço, só assim consigo o pagamento”.

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Birocan está com as contas atrasadas pelo baixo faturamento. (Foto: Marcos Ermínio/Midiamax)

Ao lado, em uma loja de roupas e acessórios, a gerente Camila Oliveira teve que inovar com outras estratégias de venda, como levar uma mala de roupa até as clientes ou vender pelas redes sociais. A funcionária diz que a dona paga dois alugueis na galeria.

“Perdemos o nosso estacionamento, a cliente quer comodidade. Até a gente como funcionário tem transtornos para chegar no trabalho. Tinha dias que todo o quadrilátero estava em obras, estamos bem no meio. Nós perdemos faturamento no Dia dos Namorados e no Dia das Mães, fomos muito prejudicados. Há duas semanas, no domingo, a rua fica vazia, a pessoa não passa pelas obras, na luz do dia roubaram a loja. Além de não faturar, perdemos produtos”.

Em uma empresa de acessórios para pintura, a proprietária Carolina Areco, de 36 anos, diz que a maioria dos clientes são de engenharias ou empresas grandes. “O atendimento de balcão não tem mais, o cliente prefere que entregue e não os clientes fixos, os novos não vêm para cá”.

Há oito anos com uma empresa de informática e tecnologia, Rafael Barbosa disse que perdeu 40% do movimento do caixa nos últimos meses. “Antigos clientes que já conhecem nosso trabalho ou indicam para alguém que continuam nos procurando, mas novos clientes não tem mais. Não tem movimento na rua, o pedestre que passava aqui na frente tem a passarela que divide a obra da rua”.

O que diz a prefeitura

Em nota, a Sugepe (Subsecretaria de Gestão e Projetos Estratégicos) informou que a previsão de das obras é para agosto, dentro do prazo previsto em contrato. Com relação aos impactados, explicou que, desde o início das obras, adota medidas de mitigação como a adoção de passarelas que garantam o acesso ao comércio.

“A Prefeitura realiza ações de cultura e lazer na área central, visando atrair consumidores para a região, como a Festa Junina, no mês passado, realizada na Praça do Rádio. Os comerciantes também são avisados com antecedência dos fechamentos, possibilitando o planejamento dos empresários. E, em datas comemorativas, há todo um planejamento para que as obras não interditem as vias”, informou a nota.