Outubro mal começou e tragicamente mais dois jovens ampliaram na última quinta-feira (3) as estatísticas de vítimas de acidentes envolvendo moto. O piloto identificado como Alcenir morreu na hora. O carona, Pablo Cardozo morreu horas depois. Ambos tinham 16 anos.

Para quem sobrevive, as chances de carregar sequelas para o resto da vida são altas e o tempo de recuperação também é árduo. Só na Santa Casa, de 4.664 vítimas que deram entrada decorrente de acidente de trânsito neste ano, 3.323 estavam em motos.

Segundo o chefe do Centro Cirúrgico da Santa Casa, o médico anestesista Luiz Gustavo Orlandi de Sousa, só em setembro 2.500 cirurgias foram realizadas, sendo 1.200 de urgência e a maioria eram acidentes de trânsito.

“Por mês realizamos em média 360 cirurgias em pacientes que se envolveram em acidentes com motos, ou seja, de 10 a 15 por dia”, apontou Orlandi em entrevista ao Midiamax. A Santa Casa de Campo Grande é referência no Estado para o tratamento e cirurgias de politraumas, que envolvem acidentados de moto.

Orlandi destaca que durante os dias da semana os traumas de moto ocorrem no percurso de ida ou volta do trabalho. “Na pressa chegar as pessoas ultrapassam sinais, motociclistas cortam os carros e assim acontece a queda, em geral mais leve”, explicou.

Aos finais de semana os índices de acidentes graves envolvendo motociclistas aumentam. “Aí acontecem as colisões, as batidas e geralmente associadas a alta velocidade e bebida alcoólica”, afirmou.

Além disso, os casos são considerados pelo médico um problema de Saúde Pública, já que o paciente se afasta do trabalho pelo tempo de recuperação. “Existe o gasto na previdência, o gasto com o tratamento de saúde e o gasto social em que, às vezes, a família toda precisa se adaptar a nova vida dependendo das sequelas, na maioria neurológicas”, lamentou.

Para mudar este quadro, o chefe do Centro Cirúrgico, que comanda 16 salas para cirurgia, acredita que é necessário investimento em educação, para prevenção e em engenharia de tráfego para melhorar desde a sinalização ao asfalto.

Quem já se acidentou várias vezes, sabe a necessidade de uma mudança. “Já perdi as contas de quanto caí. A maioria imprudência dos outros que não respeitam as leis, seja motorista, motociclista ou até ciclista”, diz o motoentregador de 33 anos, José Roberto da Silva, que pilota desde os 16 e estava levando documentos ao hospital.

Internado estava o auxiliar administrativo, Jonas Rodrigues Freitas Junior, de 20 anos, que colidiu no cruzamento da Rua Maranhão com a Avenida Ceará. “Um carro passou a preferencial e não deu tempo e eu bati. Quebrei a perna em três partes diferentes, já passei por uma cirurgia e espero a outra marcada para este sábado, no meu aniversário de 21 anos”, afirmou.

Jonas disse que quando comprou a moto não mensurou nenhum risco e que agora terá que conviver com placas de titânio e fazer fisioterapia. Ele também destaca que foi bem atendido no hospital. Sua namorada, Maria Luiza Venâncio, de 18 anos, já o proibiu de andar de moto novamente.