O Sistema Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional), principal ferramenta para registros de ocorrências da polícia sul-mato-grossense, voltou a operar normalmente, após dias de instabilidade.

A população que foi até as delegacias nos últimos 30 dias lidou com transtornos, filas enormes e teve que retornar para a casa sem o registro da ocorrência devido a uma ‘falha’ no sistema.  

Quando o sistema fica instável, situação que tem sido alvo de reclamação dos servidores desde janeiro deste ano, atrapalha o serviço dos policiais nas delegacias.

Servidores explicaram que não foram orientados oficialmente de como agir, porém, quando há casos de flagrante, o preso é colocado na cela enquanto os policiais aguardam a volta do sistema. Se o sistema não voltar, o registro desse flagrante é feito no Word e depois refeito no Sigo, quando este estiver estável.

Já em casos que não são flagrantes, eles acabam orientando as pessoas a voltarem em outro momento. 

Na terça-feira (7), por exemplo, uma mulher de 35 anos teve negado o registro de sua denúncia de quebra de medida protetiva na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher), em Campo Grande. Ela afirma que foi orientada que voltasse para sua casa, pois com o Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional) fora do ar seria impossível registrar a denúncia.

Segundo a denunciante, que é moradora do bairro Dom Antônio, ela buscou atendimento na Deam e foi informada que não haveria como resolver nada diante de sua situação porque estava sem sistema e sem previsão de volta. 

“Orientaram que eu ligasse antes para não perder a viagem, porque moro bem longe da delegacia, agora tenho que voltar outro dia”, contou.

Ela relata que não é a primeira vez que encontra dificuldades na Deam devido à questão do sistema para registros. “Há três semanas estive aqui para pedir a medida, fiquei seis horas esperando, mas consegui. O sistema estava caindo toda hora e lá me disseram que tem um mês que a situação está assim”, contou. 

Investimento

A Sejusp (Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública) de Mato Grosso do Sul já gastou mais de R$ 6 milhões com o Sigo. Contudo, o sistema apresenta desconexão, instabilidade e lentidão desde o início de abril, impossibilitando o registro das ocorrências e, mesmo assim, a empresa de software, Compnet, alega que apenas uma troca de computadores causou a oscilação no Sigo.

Jornal Midiamax levantou que neste ano foram feitos cinco pagamentos milionários para a empresa de software, responsável pelo desenvolvimento do Sigo, desde junho de 2023. Os pagamentos totalizam R$ 6.194.710,34 até este mês de maio. 

E mesmo recebendo milhões para manter a ferramenta em funcionamento, a Compnet apenas alega que o SGI (Sistema de Gestão Integrada) trocou seus computadores e este seria o motivo da instabilidade. 

“Há 20 dias ocorreu uma grande instabilidade porque o SGI (Sistema de Gestão Integrada) trocou seus servidores. Não tem como desligar o Sigo, ele continua rodando, mas com a troca, ocorreu essa instabilidade há 20 dias”, é o que diz Adriano Aparecido Chiarapa, proprietário da Compnet.

A Sejusp também já havia informado ao Jornal Midiamax no dia 4 de abril que o sistema ficou fora do ar para passar por melhorias e que a previsão era que voltasse a normalidade na próxima semana, o que não aconteceu, pois o mesmo continuou instável.

Entretanto, no dia 27 de março, o Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul) protocolou um ofício na secretaria pedindo a solução do sistema com urgência, o que mostra que são 1 mês e 10 dias de instabilidade no Sigo.