A Sejusp (Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública) de Mato Grosso do Sul já gastou mais de R$ 6 milhões com o Sigo (Sistema Integrado de Gestão Operacional), principal ferramenta para registros de ocorrências da polícia sul-mato-grossense, neste ano.

Contudo, o sistema apresenta desconexão, instabilidade e lentidão desde o início de abril, impossibilitando o registro das ocorrências e, mesmo assim, a empresa de software, Compnet, alega que apenas uma troca de computadores causou a oscilação no Sigo.

O Sigo possui 18 mil usuários, entre eles, PM (Polícia Militar) e a PC (Polícia Civil). E são justamente esses policiais que estão enfrentando dificuldades para registrar as ocorrências nas delegacias. 

A população que foi até as delegacias nos últimos 30 dias lidou com transtornos, filas enormes e teve que retornar para a casa sem o registro da ocorrência devido a ‘falha’ no sistema.  

O Jornal Midiamax levantou que neste ano foram feitos cinco pagamentos milionários a empresa de software, responsável pelo desenvolvimento do Sigo, desde junho de 2023. Os pagamentos totalizam R$ 6.194.710,34 até este mês de maio. 

E mesmo recebendo milhões para manter a ferramenta em funcionamento, a Compnet apenas alega que o SGI (Sistema de Gestão Integrada) trocou seus computadores e, este seria o motivo da instabilidade. 

“Há 20 dias ocorreu uma grande instabilidade porque o SGI (Sistema de Gestão Integrada) trocou seus servidores. Não tem como desligar o Sigo, ele continua rodando, mas com a troca, ocorreu essa instabilidade há 20 dias”, é o que diz Adriano Aparecido Chiarapa, proprietário da Compnet.

A Sejusp também já havia informado o Jornal Midiamax no dia 4 de abril que o sistema ficou fora do ar para passar por melhorias e que a previsão era que voltasse a normalidade na próxima semana, o que não aconteceu, pois o mesmo continuou instável.

Entretanto, no dia 27 de março, o Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis de Mato Grosso do Sul) protocolou um ofício na secretaria pedindo a solução do sistema com urgência, o que mostra que são 1 mês e 10 dias de instabilidade no Sigo. 

Inclusive nessa terça-feira (7), uma mulher, de 35 anos, teve negada o registro de sua denúncia de quebra de medida protetiva na Deam (Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher). Ela foi orientada que voltasse para sua casa, pois com o sistema fora do ar seria impossível registrar a denúncia.

Há três semanas, a mulher esteve na delegacia para pedir a medida e precisou ficar seis horas na delegacia aguardando pelo registro. “O sistema estava caindo toda hora e lá me disseram que tem um mês que a situação está assim”, contou ao Jornal Midiamax.

‘Absurdo’

O presidente do Sinpol, Alexandre Barbosa, afirmou que, com a ‘lentidão’ do sistema, a população acaba tendo uma percepção errada de que o policial não quer registrar o boletim. 

“Além do SIGO, o próprio sistema interno, o E-MS, também apresenta o mesmo problema, dificultando o trabalho dos policiais civis na delegacia e muitas vezes a população tem a percepção errada de que o policial que não quer fazer o registro. São quase duas horas para fazer um registro e isso é um absurdo”.

Para o sindicato, “[Policiais civis] Se veem obrigados a despender tempo excessivo em tarefas que antes eram simples e rápidas”.

Ofício enviado no dia 27 de abril. (Reprodução, Sinpol)