Moradores e comerciantes lidam com fumaça e odor do que aparenta ser fio queimado em um terreno ‘acampado' por usuários de drogas na Rua das Orquídeas, no bairro Joquei Club, em Campo Grande, nos últimos dias.

A insegurança e a já virou rotina para quem mora no entorno do terreno, localizado entre as ruas Texaco e Ceres, que se tornou uma espécie de acampamento dos usuários de drogas e ladrões de fios. Quem passa pelo local, que fica aos fundos de uma oficina mecânica, se depara com pneus e parte de móveis espalhados cobertos por lona.

“Eles ficam usando entorpecentes no local. O que a gente sempre vê é fumaça no fim da rua, o cheiro de plástico queimado. Como se trata de usuários de drogas e plástico queimado, a gente deduz que é fio. E a questão desses usuários passando aqui em frente está insuportável, nós não temos mais paz faz tempo, mas ninguém faz nada”, afirma um morador, que não quis se identificar, à reportagem do Jornal Midiamax.

Segundo outro morador, os suspeitos passam 24 horas reciclando materiais roubados na região. “É um absurdo. Aqui é um local onde eles queimam fio dia e noite, pois eles roubam, furtam os fios por aí nas casas e vêm queimar aqui. Danificam o asfalto, montaram até uma ‘central' de reciclagem do produto roubado. As autoridades têm que tomar uma atitude, tirar esse pessoal daqui. Isso é dia e noite queimando fio e material roubado, reciclando para vender”.

Um dos principais motivos dos furtos de fios é a facilidade na venda dos produtos, principalmente para ferros-velhos. Ações das forças de segurança da Capital revelam que usuários de drogas furtam os materiais e trocam por entorpecentes, oferecidos por receptadores. E ainda conforme o morador, o receptador dos materiais furtados pelos usuários desse ‘acampamento' fica há cerca de 500 metros do terreno. 

A fim de melhorar a situação, foi necessária a criação de um grupo via WhatsApp entre a vizinhança para que fossem alertados caso alguém se deparasse com um durante tentativa de furto. De acordo com os moradores, um vizinho já teria trocado a fiação de sua casa diversas vezes e, na última semana, invadiram a residência de um idoso na região. 

Procurada pela reportagem do Jornal Midiamax sobre uma possível averiguação no terreno mencionado, a GCM afirma que só tem competência para adentrar prédios ou áreas pertencentes ao município. “Situações de invasão a uma estrutura privada que esteja abandonada ou sem moradores, é preciso que o proprietário faça o registro de Boletim de Ocorrência por invasão ou que o órgão responsável seja informado pelo estado irregular do imóvel”.

À reportagem também foi explicado que a equipe da guarda poderá adentrar em caso de flagrante, se houver atitude suspeita no local. 

No terreno mencionado, se for de propriedade privada abandonada, os moradores devem notificar a Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Gestão Urbana), que irá até o local para realizar a checagem. Posteriormente, se constatada alguma irregularidade, o proprietário pode ser acionado. 

Operações como a ‘Ferro-Velho', que aconteceu recentemente no bairro Caiobá, tem o intuito de coibir o furto e a venda dos fios de cobre sem procedência. A guarda reforça que ações como essa são planejadas para acontecerem nas sete regiões da Capital, em conjunto com outras forças de segurança.

“Deflagração de operações são planejadas pelo comando da GCM em conjunto com a Inteligência da Guarda e em parceria com outras forças de segurança tais como e Polícia Civil, demais secretarias do município e setor privado”.

Questionada se há outra ação, além da operação Ferro-Velho, a GCM reforça que as equipes realizam patrulhamento preventivo de rotina, todos os dias, em finais de semana e feriados. 

“Em caso de suspeitas, é preciso que o cidadão faça a denúncia pelo telefone 153, número de atendimento da Guarda. É também necessário o registo de Boletins de Ocorrência. É por meio deles que é possível fazer o mapeamento das áreas que tem maior índice desse tipo de ilícito”, orienta.

Operação Ferro-velho

Dois proprietários de ferros-velhos foram presos em flagrante com quase meia tonelada de cobre sem procedência no último dia 8, no bairro Caiobá, durante a Operação Ferro-velho.

Um dos comerciantes admitiu que desconfiou da procedência do material, no entanto, comprou os produtos. Além do cobre, também foram apreendidos fios de alumínio em grande quantidade.

A ação aconteceu em parceria entre equipes da Guarda Civil Metropolitana, Polícia Militar, Polícia Civil e fiscais da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano).

Casos de furtos de fios elétricos disparam em Campo Grande

Apesar de lei que coíbe e prevê multa de até R$ 10 mil reais para estabelecimentos comerciais que forem flagrados com fios de cobre sem comprovação de procedência, a média anual de furtos dobrou, se comparada ao ano de 2023.

Em 2023, foram 107 casos, uma média de nove furtos por mês. Já em 2024, apenas nos primeiros 35 dias foram registrados 17 furtos, conforme levantamento realizado pela Sesdes (Secretaria Especial de Segurança Pública e Defesa Social).

Aprovada desde maio de 2022, a Lei que exige comprovação de origem ou procedência na comercialização de cobre, alumínio e estanho em , apenas em outubro do ano passado, foi assinado o decreto para regulamentar as ações contra os furtos.

Conforme a regulamentação, o estabelecimento que comercializar o produto sem a comprovação da procedência ou origem, pode sofrer multa de R$ 10 mil reais, além da reclusão de 1 a 4 anos e a cassação do alvará de atendimento do proprietário e sócio pelo período de 10 anos.

Homem morto carbonizado ao tentar furtar fiação de subestação de energia

Além de crime, os furtos de fios colocam em risco a vida de quem infringe a lei em busca desses materiais. No início da manhã do último dia 5, um homem morreu eletrocutado em uma subestação de energia elétrica após receber descarga de 130 mil kilovolts.

Conforme a Polícia Civil, ele invadiu unidade de energia da Vila Progresso, próximo ao Estádio Morenão, em Campo Grande, para roubar fios de energia.

Homem morto carbonizado. (Foto: Alicce Rodrigues, Jornal Midiamax)

Durante a tentativa de furto, houve um curto-circuito na rede e o homem morreu eletrocutado. A explosão foi vista de longe por moradores da região. Uma densa fumaça também foi observada e registrada durante a madrugada.