A funcionária do Detran-MS (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul), que denunciou um servidor da Sejusp por assédio sexual, prestou depoimento na Corregedoria da Polícia Civil, por mais de 1 hora, nesta quinta-feira (7). A servidora está afastada por atestado médico.

A funcionária relatou durante seu depoimento o que vinha acontecendo dentro do órgão. A servidora terá o nome preservado. Ela contou ao Jornal Midiamax que está afastada por 10 dias por atestado médico e que está à base de remédios. “Só tomando café, não consigo comer”, disse a funcionária.

Ela contou sobre as caronas oferecidas pelo chefe e ‘mimos’ que chegavam do nada em seu setor, como chocolates, bombons. “Depois do depoimento fiquei bem mal, eu não aguento mais”, disse ao Midiamax. 

“Até agora nada foi feito. Eu estou afastada e ele trabalhando”, disse a servidora. Ela trabalha no órgão desde o começo de 2023 e tem um cargo comissionado. Ela diz que os assédios começaram há aproximadamente seis meses, mas, no início, ela não percebia o comportamento do chefe.

“Eu achava que ele fosse muito gentil, mas com o tempo comecei a perceber que aquelas situações não eram normais”, afirma.

Segundo a servidora, a situação chamou a atenção de colegas de trabalho que a alertaram sobre o assédio. “No início ele me oferecia carona, eu achava que estava tudo bem e aceitava, mas começaram a dizer que ele iria cobrar essas caronas e, então, comecei a me atentar às brincadeiras que ele fazia”, relata.

Mudança de comportamento e acusação de fraude

A servidora conta que, ao perceber que o chefe se excedia nos comentários sobre ela, começou a evitar a proximidade e passou a negar as ofertas de carona. Depois disso, o chefe teria mudado de comportamento e passou a tratá-la de forma hostil.

Além da mudança no tratamento, o suspeito também teria acusado a servidora de fraude. “A gota d’água foi quando ele me acusou de ter fraudado o sistema. Ele disse que retirei restrições de placas, mas o sistema mostra que as exclusões foram realizadas com dados de acesso que não são meus. Usaram o meu computador, mas outro login e outra senha”, garante.

De acordo com os relatos, a servidora teve o acesso ao sistema bloqueado, sendo impedida de trabalhar. No mesmo dia, ela teria procurado a Delegacia e registrado no boletim de ocorrência. No dia seguinte, ela foi chamada para prestar depoimento sobre o caso que permanece em investigação.

O chefe acusado de assédio é servidor da Sejusp-MS (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) e está lotado no órgão estadual de trânsito.

Procurada pela equipe de reportagem do Jornal Midiamax, a Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul disse que se pronunciaria por meio da assessoria de comunicação da Polícia Civil, que emitiu a seguinte resposta: “O caso será investigado tanto pela DEAM quanto pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil. Sobre o eventual afastamento do delegado, trata-se de uma deliberação de competência do Corregedor-Geral da Polícia Civil”.

A delegada AnaLu Lacerda, que está à frente das investigações, também foi procurada pela equipe de reportagem, mas não se pronunciou sobre o caso. Já o Detran-MS limitou-se a dizer que “as demandas relacionadas ao tema serão tratadas pela Polícia Civil”.