Em depoimento que o Jornal Midiamax teve acesso, o motorista da Porsche Cayenne, Arthur Torres Rodrigues Navarro, empresário do Bada Bar – estabelecimento localizado em bairro de alto padrão de Campo Grande -, que matou o motoentregador Hudson de Oliveira Ferreira na noite do dia 22 de março, relatou passo a passo do que fez no dia do acidente.

Segundo Arthur, no dia 22 de março, ele teve um dia normal de trabalho em sua imobiliária, que fica no dos Estados. Já à tarde, ele foi até a resolver ‘assuntos particulares' junto da esposa e da filha. Após isso, por volta das 17h30, Arthur relatou que foi sozinho até o bar e ficou até cerca das 20h, quando recebeu uma ligação da esposa – que está grávida – e deixou o estabelecimento.

No entanto, o empresário alegou não estar com o celular à disposição para confirmar à polícia a ligação que afirma ter recebido da esposa.

Ele estava junto de um funcionário quando saiu do Bada bar. Ainda segundo depoimento de Arthur, na Rua Antônio Maria Coelho, percebeu um motociclista saindo de um prédio e atravessando todas as faixas, passando inclusive pela sua frente. O empresário ainda falou que conseguiu desviar do motociclista e só notou o acidente no dia seguinte, já que viu uma pequena avaria no carro.

Arthur ainda falou que acreditava não ter encostado na motocicleta e foi embora para casa por achar que não era nada grave, pela pequena avaria em seu Porsche.

Conforme o depoimento de Arthur, o funcionário dele passou no local do acidente momentos depois e viu o motociclista caído na rua e sendo atendido por equipes de socorro. Porém, não teria conseguido entrar em contato com o empresário no dia.

Já no início da semana, logo após o acidente, ele disse ter ficado sabendo da morte do motociclista e percebeu que se tratava do acidente com Hugo. 

Ele ainda disse que não estava em alta velocidade e que não havia ingerido bebidas alcoólicas: “não imaginei que poderia ser algo grave”, disse ao final de seu depoimento.

Para tentar justificar o porquê deixou o Porsche escondido – enquanto a polícia o procurava -, Arthur alega que seu pai e seu irmão também fazem uso do veículo e que o deixou em sua garagem no fim de semana. Já no início da semana, seu irmão teria utilizado o veículo e estaria providenciando um martelinho de ouro para fazer reparos nas avarias causadas pelo acidente.

Ainda, Arthur foi interrogado sobre a preocupação em consertar o carro em vez de procurar saber sobre a vítima, o empresário volta a dizer que acreditava ter sido algo leve, uma vez que houve uma pequena avaria no carro (apesar de ter afirmado ter tido conhecimento de que a polícia investigava um acidente com morte).

Apesar de câmeras terem flagrado o Porsche em alta velocidade após o acidente, o empresário afirmou à polícia que estaria em velocidade compatível com a via, bem como não havia ingerido bebida alcoólica.

Atropelou pedreiro em 2014

Arthur Torres Rodrigues Navarro responde a um processo de R$ 282 mil por atropelar um pedreiro em agosto de 2014, em Campo Grande. 

Na época, o pedreiro tinha 64 anos e conduzia uma na Avenida Bom Pastor, quando foi atingido por um Fiat Uno – conduzido por Arthur -, no cruzamento com a Avenida Coronel Porto Carreiro. O acidente aconteceu na manhã do dia 19 de agosto.

Arthur teria desrespeitado a preferencial que era do motociclista, causando a colisão. A vítima sofreu fraturas nos membros inferior e superior, sendo socorrida pelo Corpo de Bombeiros e levada para a Santa Casa da Capital. 

Devido às lesões, o pedreiro foi submetido a cirurgias e fisioterapias para correção, mas não houve melhora, o que ocasionou perdas funcionais de seus membros. Com isso, ele ficou impossibilitado de trabalhar.

Por este fato, a vítima entrou com ação de indenização por danos morais, corporais, estéticos e materiais decorrentes de acidente de trânsito pedindo R$ 282.400,00.

A defesa do empresário, representada pelos advogados André Borges e Lucas Rosa, se manifestou em relação ao acidente de 2014, afirmando que o caso é antigo e a responsabilidade não está definida.

“Caso é antigo e em nada se relaciona com o acidente de trânsito atual; defesa já foi apresentada; nada ainda foi decidido pelo Judiciário; ou seja: responsabilidade pelo primeiro evento também não está definida; devemos aguardar com serenidade a conclusão do processo”.

Acidente que matou motoentregador

O acidente aconteceu na noite do dia 22 de março e Hudson morreu dois dias depois na Santa Casa da Capital. O dono do carro de luxo se apresentou na delegacia somente duas semanas após o crime, e alegou que fugiu por ‘achar que não era grave'. 

O empresário teria acabado de sair do bar em que é proprietário, quando se envolveu no acidente, a caminho de casa. No carro, estava ele e um funcionário. O funcionário poderá responder por omissão de socorro por não ter prestado socorro ao motoentregador

Câmeras de segurança flagraram o empresário Arthur Torres Navarro dirigindo em alta velocidade após fugir do acidente. O caso está sendo investigado pela 3ª Delegacia de Polícia Civil, que também solicitou exames de perícia para apurar se o motorista estaria em alta velocidade quando atropelou o motoentregador. 

Arthur ficou com o Porsche parado de sexta a domingo, quando levou o carro para a casa do irmão e a peça danificada para um martelinho. Atualmente, ele responde em liberdade por culposo na direção de veículo automotor, pois inicialmente, o caso foi registrado como lesão corporal culposa na direção de veículo automotor.

Depois, foi alterado para homicídio, com a morte de Hudson. A partir daí a polícia tomou conhecimento dessa morte. Com 5 dias úteis dessa data, no dia 2 de abril, a delegada instaurou inquérito e iniciou diligências para identificar o autor do crime.

Em áudio desesperador enviado à esposa na noite do dia 22, Hudson pediu que ela fosse até o local do acidente o mais rápido possível. Ele teve a lateral direita da moto atingida pelo carro, que lhe causou fratura exposta na perna. “Vem aqui, cara. Vem ligeiro, vida. Acabou com a minha perna, acabou”, diz o motoentregador. Logo, a esposa responde: “Estou indo aí, espera aí” e finaliza dizendo que outra pessoa também está a caminho para ajudar a socorrê-lo.