Conselho de Medicina abre sindicância para apurar conduta de médicos no caso Sophia

Pai de Sophia vai contribuir com documentações sobre atendimento prestado à menina

Aline Machado, Thatiana Melo – 30/01/2024 – 11:53

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(Foto: Reprodução)

O CRM-MS (Centro Regional de Medicina de Mato Grosso do Sul) abriu sindicância para apurar a conduta de médicos que atenderam a pequena Sophia OCampo. A criança – que foi levada mais de 30 vezes a Unidades de Pronto Atendimento em Campo Grande para receber atendimento médico por diferentes causas – morreu aos dois anos, após uma série de agressões.

Na última sexta-feira (26), completou um ano da morte da menina. A mãe de Sophia, Stéphanie de Jesus, e o padrasto dela, Christian Campoçano, são apontados nas investigações como responsáveis pela morte. As investigações mostraram que a menininha foi levada pela mãe a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida.

Autópsia apontou que Sophia teria agonizado por até seis horas antes de morrer. Em internações anteriores, Sophia apresentou diferentes lesões. Durante processo sobre o caso, o pai de Sophia, Jean Carlos Ocampo da Rosa, questionou por diversas vezes a falta de atenção em relação às constantes internações da menina.

Nesta terça-feira (30), a advogada de Jean, Janice Andrade, confirmou que ele vai contribuir com a sindicância aberta pelo CRM e apresentará, inclusive, documentos do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

“O pai foi notificado hoje. Agora temos 10 dias e vamos contribuir com o procedimento, apresentaremos relatórios do Gaeco que confirmam que ela foi ao médico várias vezes machucada. Vamos apresentar documentações, fazer petição de maneira minuciosa para configurar no polo ativo da denúncia. Na sexta-feira iremos nos reunir e levar os documentos ao CRM”.

Sem data para julgamento

Mãe e padrasto, apontados como responsáveis pela morte da menina, falaram sobre o caso pela primeira vez no dia 5 de dezembro de 2023, durante audiência realizada na 2ª Vara do Tribunal do Júri. Na ocasião, um acusou o outro pela morte da criança.

O julgamento estava marcado para março de 2024, no entanto, o juiz Aluízio Pereira dos Santos retirou o caso da pauta, no último dia 10, após acolher recurso da defesa dos réus. Até o momento, não há uma nova data para o júri.

Caso Sophia

A menina, que já havia passado por diversas internações, morreu em janeiro deste ano. As investigações mostraram que Sophia foi levada pela mãe a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

Uma testemunha afirma que depois de receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.

Uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe ter afirmado que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

A versão é contestada pelo médico legista que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha. A autópsia também apontou que Sophia pode ter agonizado por até seis horas antes de morrer. O padrasto e a mãe da menina são acusados do crime e estão presos.

Abusos

A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni em 2008, analisou material enviado pela advogada do pai de Sophia, Janice Andrade. Em seu parecer, Rosângela afirma que a menina foi abusada inúmeras vezes.

“A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise feita.