Stéphanie de Jesus, apontada como uma das responsáveis pela morte da filha, Sophia OCampo – que morreu aos dois anos, após uma série de agressões – quebrou o silêncio em audiência realizada nesta terça-feira (5), na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande. Questionada pela pelo Ministério Público, ela afirmou que o marido foi quem matou Sophia. “Sim, ele matou”, confirmou.

Ela negou agressões contra a filha e disse que não tinha coragem de bater na criança. “Corrigia da forma que sempre fui corrigida quando era criança. Nunca agredi minha filha. Corrigia com palmadas, nem mesmo com chinelo batia nela. Eu a deixava muito castigo para ela pensar”, alega.

Stéphanie também relata que o marido tinha um perfil agressivo e que chegou a entrar na frente da filha e do enteado para defendê-los. “Eu mesma entrava na frente para ele não fazer mal às crianças e eu acabava pagando o pato”, afirma.

Questionada sobre o estupro, além de negar participação no crime, Stéphanie também afirma que não tinha conhecimento sobre os abusos. “Eu nunca teria coragem de fazer isso com ela. Quando eu soube a causa da morte dela eu entrei em choque porque não acreditei”, garante. 

O depoimento estava marcado para às 15 horas, no entanto, começou por volta das 17 horas, com quase duas horas de atraso. A mãe de Sophia é a primeira a depor. O marido de Stéphanie, Christian Campoçano – que também foi preso pela morte da menina – será ouvido em seguida. Esta é a primeira vez que o casal fala sobre o caso.

Stéphanie se negou a responder perguntas da Acusação e da defesa de Christian, a quem ela atribuiu a culpa pela morte da filha.

Caso Sophia

A menina, que já havia passado por diversas internações, morreu em janeiro deste ano. As investigações mostraram que Sophia foi levada pela mãe a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

Uma testemunha afirma que depois de receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.

Uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe ter afirmado que antes de levar a filha para atendimento médico, a menina teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

A versão é contestada pelo médico legista que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha. A autópsia também apontou que Sophia pode ter agonizado por até seis horas antes de morrer. O padrasto e a mãe da menina são acusados do crime e estão presos.

Abusos

A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni em 2008, analisou material enviado pela advogada do pai de Sophia, Janice Andrade. Em seu parecer, Rosângela afirma que a menina foi abusada inúmeras vezes.

“A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise feita.