‘Não foi acidente’: médico legista fala que Sophia pode ter agonizado até a morte
Sophia sofreu um trauma na medula e já chegou à unidade de saúde sem vida
Thatiana Melo –
Notícias mais buscadas agora. Saiba mais
Na segunda audiência sobre o caso Sophia OCampo, de 2 anos, morta em janeiro deste ano, após ser espancada e estuprada, o médico legista responsável pela autópsia da menina disse no dia 26 de maio que o que aconteceu com Sophia não foi acidente.
Na audiência que aconteceu a portas fechadas, e que o Jornal Midiamax teve acesso com exclusividade, o médico legista é enfático ao falar que uma grande força foi empregada contra Sophia, que já foi levada sem vida para a unidade de saúde, no dia 27 de janeiro. O padrasto e a mãe da menina estão presos suspeitos do crime.
A audiência teve aproximadamente 48 minutos de duração e foi comandada pelo juiz Carlos Alberto Garcete, com a presença da acusação e da defesa. Quando questionado sobre o trauma sofrido por Sophia, na medula, o médico explica o caso. “Não é uma simples queda que provocou o trauma, um simples acidente, foi usada uma força grande provocada por um adulto”, fala o médico.
Ainda segundo o médico legista, foi usada uma energia suficiente para fazer a lesão e quebrar a vértebra da coluna de Sophia. O médico também é questionado pela acusação sobre o trauma sofrido na medula que pode ter feito com que o pescoço tenha girado em 360º e poderia ter causado a morte instantânea de Sophia.
O médico relata que Sophia pode ter demorado para morrer. “Ela pode ter agonizado por horas até a morte”, fala. Ainda segundo o relato do médico legista, a criança não teria conseguido ir ao banheiro ou se alimentado sozinha com o trauma que havia sofrido. A mãe da menina no dia da morte disse em depoimento que a filha teria tomado iogurte e ido ao banheiro antes da saída delas para a unidade de saúde.
A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni, em 2008, fez uma análise para a defasa do caso Sophia, que atua para o pai da menina.
Perita caso Nardoni fez análise sobre o caso
A defesa que atua para o pai da pequena Sophia OCampo, morta aos 2 anos, em Campo Grande, em janeiro deste ano, teve o caso analisado pela perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni em 2008.
O Jornal Midiamax conversou com a perita que confirmou ter feito uma consultoria para a defesa do caso Sophia. Ela analisou o material enviado pela advogada do pai de Sophia, Janice Andrade. Em seu parecer, Rosângela é clara ao afirmar que a menina foi abusada inúmeras vezes.
Confira o trecho do parecer feito pela perita em São Paulo e que o Jornal Midiamax teve acesso com exclusividade:
“A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise feita.
Em outro trecho a perita conclui que: “Há muito tempo essa menina sofria abusos. A ausência de esperma não significa que o suspeito [padrasto] não tenha sido o autor. Ele pode perfeitamente ter usado preservativo, pode ter sido utilizado qualquer outro objeto por ele, pela mãe ou por outrem, já que o esperma de outro homem foi constatado em uma colcha encontrada no local”.
Rosângela ainda é enfática ao afirmar que a ausência de esperma nos exames periciais, não quer dizer que não houve crime. “Na sequência, realiza o exame de DNA tanto na amostra em que foi realizado o exame de esperma. O resultado foi ausência de esperma e presença somente de material biológico da vítima nas duas amostras, tanto na que foi realizado exame de esperma como na que não foi”, conclui a análise.
“Veja, o exame de DNA é super sensível. O fato da pesquisa de esperma ter dado negativo, não quer dizer que não houve manipulação no local. Poderia conter a pele do agressor se ele manipulou o local”, fala a análise da perita.
Segundo a advogada contratada pelo pai de Sophia, a análise da perita do caso Nardoni ainda não foi anexada ao processo, já que ainda estão à espera da oitiva do perito que atendeu ao caso, e logo após isso será feito o pedido formal para que o parecer de Rosângela Monteiro faça parte oficialmente do processo.
Casa periciada
O Jornal Midiamax teve acesso ao laudo pericial que analisou a casa de Sophia. Logo na entrada da residência, em específico na varanda, foi observada a bagunça com lixos, objetos espalhados pelo chão e fraldas que estavam em sacos, além de embalagens vazias de latas de cerveja, demonstrando alto consumo de álcool. Na área de serviço, foi notado que recentemente roupas haviam sido lavadas e uma toalha branca chamou a atenção da perícia, já que estava separada das outras roupas estendidas no varal.
Já dentro da casa foi possível notar a desordem. Na sala havia um colchão no chão e sobre ele uma colcha, de cor rosa, onde os peritos encontraram três manchas: uma de cor marrom e outras duas, sendo uma delas de cor avermelhada, sugerindo ser sangue.
Na outra mancha encontrada foi usada luz azulada e com auxílio de óculos de coloração amarela pode-se perceber que se tratava de sêmen. Ainda na sala, foram encontrados vários medicamentos, que iam de tratamento para dores de cabeça, anti-inflamatórios, dores de garganta e prisão de ventre.
Também na sala foram encontrados dois tubos de lubrificante feminino, sendo um deles aberto e quase no final. Um dos tubos estava em cima de um móvel ao lado do colchão que estava no chão da sala e outro em cima de um móvel onde ficava uma CPU, que foi apreendida para passar pela perícia.
No quarto havia brinquedos espalhados, um ventilador quebrado e a cama também estava com o estrado quebrado. Uma toalha pendurada na porta do guarda-roupa foi periciada e encontrados vestígios de sêmen. Na cozinha havia louças na pia por lavar e outras limpas, e no banheiro tinha uma banheira, de cor rosa, com água limpa em seu interior.
Segundo a conclusão da perícia, havia objetos e vestígios remetendo à prática sexual na sala e no quarto e um alinho que destoava da desordem na sala e no quarto, além de limpeza recente no banheiro, o que sugere possível tentativa de alteração da cena na residência.
“Não é possível concluir nesse trabalho a existência de vestígios inequívocos de morte violenta em tal residência, não se descartando o prejuízo ante a falta de preservação do local durante o período entre a prisão dos supostos autores e a chegada da equipe pericial na residência”, disse a perita em laudo.
Notícias mais lidas agora
- Jornal Midiamax transmite ao vivo apuração do 1º turno no TRE-MS pela TV e redes sociais
- Justiça nega novo pedido de censura de Beto Pereira e confirma: denúncias do Detran-MS não são fake news
- Midiamax entrega ao MP vídeo de David que implica Beto Pereira em corrupção no Detran-MS
- Beto Pereira tem derrota dupla na Justiça Eleitoral ao tentar impedir adversários de citar ‘ficha suja’
Últimas Notícias
Motociclista morre uma semana após ser arremessada por motorista que fugiu sem prestar socorro
Acidente aconteceu no último dia 27 em Japorã e vítima sofreu traumatismo craniano
Homens são flagrados com ‘santinhos’ e transportando ilegalmente eleitores em MS
Condutor e passageiro informaram que as eleitoras seriam vizinhas
Motorista é levado para delegacia por tumultuar e discutir próximo de colégio eleitoral em Sete Quedas
Homem desobedeceu ordem voltando próximo da escola e então foi preso
“Estamos lutando contra os donos poder”, afirma Thiago Botelho ao votar em Dourados
Professor diz que teve menos cabo eleitoral e não pagou para adesivar
Newsletter
Inscreva-se e receba em primeira mão os principais conteúdos do Brasil e do mundo.