Durante audiência realizada na tarde desta quinta-feira (28), na 2ª Vara do Tribunal do Júri, Jean Carlos Ocampo, pai da menininha Sophia Jesus Ocampos – que morreu aos dois anos de idade -, criticou a ex-mulher e o padrasto da filha pela decisão de se manterem calados. Ele também disse que o casal, apontado como responsável pela morte da menina, deveria assumir a culpa.

“Eles foram capazes de ter feito, mas não são capazes de bater no peito e assumir que foram eles, porque era uma criança de 2 anos e 7 meses que não tinha o direito de se defender”, declarou.

Em poucas palavras, a mãe da menina justificou a decisão de não se pronunciar na audiência de hoje. “Eu queria muito responder às perguntas porque é muito difícil, me dói muito. Queria esclarecer a verdade, mas por pedido da minha defesa, vou me manter em silencio”, explicou.

A defesa do casal disse que a mãe e o padrasto de Sophia irão se pronunciar apenas depois que a perícia nos aparelhos celulares forem concluídas pela equipe especializada do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).

Uma testemunha, ouvida nesta tarde, disse o padrastro tratava bem a menina, no entanto, afirmou que considerava Sophia triste e que a menina quase não participava de brincadeiras com outras crianças.

“A Sophia não brincava porque era meio triste. Ficava no cantinho dela. Machucado nunca vi, mas ela me parecia que sentia falta de afeto, de carinho”, observou.

Segundo o juiz Aluísio Pereira dos Santos, que conduziu a audiência, o processo segue para fase de alegações finais. “Primeiro será intimado o (Ministério Público de Mato Grosso do Sul, depois a assistente e por fim as defesas com relação as perícias. As perícias serão juntadas nos autos assim que forem realizadas, antes do julgamento final para que as defesas tenham acesso ao que foi dito”, informou.

Morte de Sophia

A menina, que já passou por diversas internações, morreu em janeiro deste ano. As investigações mostraram que Sophia foi levada pela mãe a uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento), já sem vida. A mulher chegou ao local sozinha e informou o marido sobre o óbito.

Mãe e padrasto são apontados, nas investigações, como responsáveis pela morte da criança. Uma nova denúncia feita pelo MPMS (Ministério Público Estadual), em setembro deste ano, diz que o padrasto e mãe, que estão presos, responderão por tortura, além dos crimes de homicídio, omissão de socorro (no caso da mãe) e estupro.

Investigação

Uma testemunha afirma que depois de receber a informação sobre a morte de Sophia, o padrasto teria dito a frase: “minha culpa”.

Uma das contradições apontadas na investigação é o fato da mãe ter afirmado que antes de levar a filha para atendimento médico, a menininha teria tomado iogurte e ido ao banheiro.

A versão é contestada pelo médico legista que garantiu que com o trauma apresentado nos exames, a criança não teria condições de ir ao banheiro ou se alimentar sozinha. A autópsia também apontou que Sophia pode ter agonizado por até seis horas antes de morrer. O padrasto e a mãe da menina são acusados do crime e permanecem presos.

Abusos

A perita Rosângela Monteiro, que atuou no caso Nardoni em 2008, analisou material enviado pela advogada do pai de Sophia, Janice Andrade. Em seu parecer, Rosângela afirma que a menina foi abusada inúmeras vezes.

“A violência sexual foi claramente identificada pelo rompimento de hímen, a heperemia em partes da vagina e esquimoses na face interna das coxas, e o rompimento do hímen já estava cicatrizado, portanto fora realizado em data anterior da morte da vítima”, diz parte da análise feita.