Após investigação ser prorrogada, novas denúncias contra asilo acusam dirigentes de omissão
Ex-funcionários afirmam que doses de remédios ‘extras’ eram aplicadas para eles ‘ficarem calmos’
Danielle Errobidarte –
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A ILPI (Instituição de Longa Permanência de Idosos) Casa do Aconchego foi denunciada novamente por ex-funcionários contra maus-tratos aos idosos. Após publicação do Jornal Midiamax afirmando que a investigação havia sido prorrogada, outras denúncias vieram à tona, feitas no MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e Conselho Municipal do Idoso.
Segundo consta na denúncia, protocolada em junho de 2022 na 44ª Promotoria de Justiça do Idoso, cuidadores de idosos pediram demissão após denúncias de ministração de medicamentos não prescritos aos idosos do asilo. Além disso, um deles afirma ter presenciado o enfermeiro chefe prescrever cinco gotas de Clonazepam para uma das idosas, que é soropositiva, já teve câncer e não tem prescrição médica para tomar a medicação aplicada.
Ainda conforme a denúncia, a referida idosa teria ficado nervosa após ir ao banco, no dia 19 de abril, e perceber que haviam feito empréstimos em seu nome. A idosa teria tomado o medicamento e, na madrugada do dia 19 para o dia 20 de abril, passou mal, precisando ser encaminhada de ambulância para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Leblon.
Os denunciantes ainda afirmaram que a idosa ficou na área vermelha da unidade, mas foi liberada posteriormente. Ela teve sintomas como espasmos, vômito e dormência no braço esquerdo. Os funcionários ainda afirmaram que não houve uma conclusão médica da relação entre os medicamentos aplicados e os sintomas. Entretanto, eles alegam que após a idosa tomar o remédio teria ficado “acamada, sem reação e não se alimentou durante o dia”.
Os ex-funcionários ainda afirmaram à promotora que não eram recorrentes atitudes como essa do enfermeiro chefe, mas que já tinham presenciado ele e o supervisor da Casa colocarem dois comprimidos de Amitriptilina a mais no copo de remédios de outro idoso. Nessa ocasião, uma das cuidadoras teria questionado o enfermeiro chefe, que lhe disse que “poderiam ter ficado no copinho sem serem notados”.
Em seguida, os cuidadores notaram que o idoso teria começado a ficar muito lento e com o comportamento alterado, mas que comumente é “muito ativo, animado e gosta de cantar”. Segundo eles, a equipe de cuidadores não tem acesso às receitas e prescrições médicas, mas dizem reconhecer pelas cores dos medicamentos e dos copinhos. Eles alegam que, quando os medicamentos foram ministrados, “não estavam prescritos para os idosos que os receberam, pois eles não haviam ido a consulta médica para receberam novas prescrições”.
Ainda segundo a denúncia, a dirigente da instituição tinha conhecimento dos medicamentos ministrados, já que os cuidadores teriam perguntado para ela, durante uma reunião, quais medicamentos os idosos deveriam tomar. A responsável teria interferido nos questionamentos e dito que o supervisor “estava fazendo o levantamento dos remédios”.
A denúncia ainda acusa os dirigentes do lar de idosos de procrastinação na tomada de providências “quando ocorre algum evento importante com os idosos”. Segundo os cuidadores, um dos idosos teve demora na prestação de socorro após sofrer uma queda e acabou morrendo. Ao dar entrada na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), os acompanhantes ficaram sabendo “que o idoso estava com sangramento retal e ele não tinha anteriormente nenhum quadro clínico que levasse à isso”.
Ainda conforme consta no documento, o mesmo supervisor teria chegado à instituição para trabalhar embriagado. Outras duas funcionárias são acusadas de saírem durante o expediente para ingerir bebidas alcoólicas, na casa do supervisor. Além disso, a denúncia afirma que um funcionário “foi obrigado a alterar o relatório no livro, com conhecimento da dirigente”.
“O problema da instituição é que a dirigente faz ‘vista grossa’ sobre os comportamentos do supervisor e sobre a questão dos medicamentos (sic)”, diz a denúncia. Os funcionários afirmaram que já chegaram a fazer boletim de ocorrência. Além disso, uma denúncia também foi feita no Conselho Municipal do Idoso, contra a ILPI (Instituição de Longa Permanência) Casa do Aconchego.
Na denúncia no Conselho consta que “a presidente anterior da ILPI foi denunciada por maus tratos, agressão aos idosos e perseguição aos funcionários que não concordavam com ela. A perseguição ainda acontece com a nova presidência da instituição”. Ademais, a denúncia também é de coação, por parte da atual presidente e sua filha, coordenadora. “Queremos que os idosos tenham um cuidado digno de verdade, não apenas maquiado por visitas agendadas onde deixam tudo perfeito para ser visto”, afirmam os funcionários.
Acusação de nepotismo
A mesma denúncia também foi protocolada na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), e acusa a atual gestão de nepotismo. “A atual presidente promoveu sua filha a coordenadora, talvez uma premiação por ter derrubado um idoso e conseguir mandar embora um dos denunciantes. A mesma já disse ter vontade de mandar embora todas as funcionárias antigas da casa, pois as mesmas teriam ligações com a primeira denúncia”, diz o documento.
Na denúncia na OAB ainda consta que, em relação às condições da casa, estariam fazendo uma reforma nos quartos com divisórias, “para comportar as vagas que diziam ter. Amontoam idosos em quarto que nem existia, um verdadeiro depósito”, diz o documento.
O Jornal Midiamax entrou em contato com o lar de idosos, para pronunciamento sobre as denúncias, mas até a publicação dessa reportagem não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
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