Em nota encaminhada ao Jornal Midiamax, delegado da PCMS (Polícia Civil de Mato Grosso do Sul) Rodrigo Blonkowski relatou motivação pessoal e conduta maliciosa por parte do MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) no âmbito das operações Codicia. A segunda fase da ação aconteceu na manhã de terça-feira (5) e acabou prendendo o delegado em flagrante.

Para o delegado – agora afastado –, que estava à frente da 2ª Delegacia de Polícia Civil de após afastamento do então titular Patrick Linares da Costa, que foi alvo da primeira fase da operação, há vícios, nulidades e abusos na operação. Segundo ele, isso ocorre “devido à nítida motivação pessoal de alguns membros do Ministério Público Estadual em prejudicar os Delegados lotados na 2ª Delegacia de Ponta Porã/MS”.

Blonkowski alega inocência e afirma que não praticou atos de corrupção. Ele não foi alvo da primeira fase da operação, mas depois acabou denunciado e também se tornou réu junto aos outros 11 investigados. Segundo ele, a denúncia foi feita sem fundamentação lógica.

Conduta maliciosa e motivação pessoal

Após a primeira fase da Operação Codicia, em 25 de abril, que cumpriu mandados de busca na 2ª Delegacia de Ponta Porã, o delegado Rodrigo foi notificado para ser inquirido como testemunha. Ele seria ouvido no MPMS em Ponta Porã, mas não foi autorizado a entrar portando a arma de fogo funcional.

Ele não foi ouvido naquele dia e chegou a alegar que estava em horário de serviço, não podendo ficar desarmado. Ele oficiou o fato para a 2ª Vara Criminal de e também para a Delegacia Regional de Ponta Porã. Após o ocorrido, afirma que foi denunciado por motivação pessoal

“Surpreendido com duas denúncias do MPMS, ou seja, por motivação claramente pessoal dos membros do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). Infelizmente, parece ser esta a práxis do citado grupo”, diz o delegado na nota. Blonkowski se tornou réu no processo.

Já sobre as munições apreendidas na terça-feira, ele afirmou que estavam devidamente registradas e em um cofre da família. No flagrante a que o Midiamax teve acesso, consta informação de que as munições estariam embaixo da cama do casal. Foram 114 munições apreendidas.

Delegado preso em flagrante

Nesta quarta-feira (6), o MPMS se manifestou sobre a prisão em flagrante, solicitando que seja homologada, tendo em vista a legalidade da prisão. Foi reafirmado que o delegado mantinha sob guarda munições de uso permitido “4 munições de calibre 9mm, marca Águila; 30 munições de calibre .22, marca S3; 79 munições de calibre .22, marca A e 1 munição de calibre .40, marca PMS”.

Porém, o MPMS afirma que estava “tudo em desacordo com determinação legal ou regulamentar”. Com isso, o delegado foi preso em flagrante e encaminhado para a delegacia, apresentado à autoridade policial que ratificou a voz de prisão e lavrou o auto de prisão em flagrante.

Foram ouvidas testemunhas e os condutores e também foi feito interrogatório, onde o delegado se manteve em silêncio. Foi arbitrada fiança de R$ 3 mil, que foi paga e o delegado então liberado.

Pedido de prisão e afastamento

Ao Midiamax, o delegado Rodrigo Blonkowski confirmou que houve pedido de prisão feito por parte do MPMS, mas que não foi deferido, sendo então determinado o afastamento. Na publicação do desta quarta-feira, consta a informação “Considerando a decisão judicial proferida nos autos (…) que aplicou medidas cautelares alternativas à prisão”.

A decisão é da 3ª Câmara Criminal do (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) e a publicação do Diário assinada pelo corregedor geral da PCMS, delegado Clever José Fante Esteves. As medidas cautelares constam no afastamento compulsório das funções pelo prazo que perdurar a medida imposta pela Justiça.

Foi determinado ainda recolhimento das armas, carteira funcional e demais pertences do patrimônio público destinados ao delegado, além da das senhas e logins de acesso aos bancos de dados da instituição policial, suspensão de férias e avaliação para fins de promoção, caso tais medidas ainda não tenham sido adotadas.

Colega alegou perseguição de promotora

Em maio, o Midiamax noticiou que em um pedido de revogação das medidas cautelares impostas ao delegado Patrick Linares, a defesa afirmou que houve perseguição. Na peça, é citada perseguição pessoal por parte de promotora de Justiça do MPMS, sendo que ela e o delegado teriam uma desavença.

É esclarecido que as autoridades não tinham uma boa relação e que teria ocorrido uma “verdadeira caça às bruxas com animus de vingança”. Por isso, a defesa afirmou ainda que a inimizade entre delegado e promotora torna os informes e relatórios dela sobre o investigado “suspeitos”.

Em resposta na época, o MPMS disse que na análise não foram levadas em consideração impressões pessoais, “A Coordenação do Gaeco/MPMS informa que a investigação foi conduzida pelos membros do Gaeco lotados em Campo Grande, e não na Comarca de Ponta Porã, sendo que na análise da formação do arcabouço probatório não foram levadas em consideração impressões pessoais de quaisquer colegas, apenas elementos materializados de vestígios físicos ou digitais concretos”, disse em nota.

O Jornal Midiamax acionou o MPMS sobre os relatos feitos pelo delegado Rodrigo, mas ainda não teve resposta. O espaço segue aberto para manifestação.