A Justiça Militar deve julgar a revogação ou não da preventiva do policial militar Alisson José Carvalho de Almeida e do ex-PM Thiago de Souza Martins, presos durante a Operação Magna Manu, deflagrada nessa quarta-feira (24). A juíza responsável pela audiência de custódia ocorrida na manhã desta quinta-feira (25) teria alegado não ser de sua competência julgar crimes praticados contra militares.

A decisão foi, então, enviada para a Vara de Militar. Enquanto isso, os dois seguem presos no Presídio Militar de . Ainda durante a custódia, o soldado Alisson alegou ter se sentido coagido pelo major responsável por cumprir o mandado de prisão preventiva, na manhã de quarta-feira.

Segundo o soldado, ele cumpre pena no regime semiaberto e o major da Corregedoria foi até o local cumprir o mandado de prisão. Ele alegou que o major perguntou sobre um suposto celular que estaria escondido na cela e que “se ele não entregasse o aparelho iria colocar um [crime de] peculato nas suas costas (sic)”. Alisson teria alegado que o celular dele estava em conserto no município de Dourados.

Dois celulares foram apreendidos durante as investigações, do primeiro rapaz preso por tráfico de drogas no dia 21 de julho – que deu início à Operação – e do ex-sargento Thiago Martins, em sua residência, durante o cumprimento do mandado contra ele.

Operação Magna Manu

Alisson foi condenado por integrar a Máfia dos Cigarreiros, já foi preso, excluído da corporação e, recentemente – em julho deste ano –, reintegrado ao efetivo por decisão judicial. A operação tinha como alvos militares que desviavam drogas das apreensões para a revenda. O 3º Sargento Thiago de Souza Martins, excluído da PM no dia 16 deste mês, é um dos presos da operação. Thiago é administrador de perfil no Instagram com mais de 7 mil seguidores, em que divulga vídeos policiais e exalta a atuação de militares em defesa dos “bons costumes”.

Conforme apurado pelo Midiamax, a investigação teve início em julho, quando houve a prisão de um homem pelos crimes de tráfico de drogas e receptação. Durante a ocorrência, foram localizados 9 tabletes de pasta base de cocaína, com peso aproximado de 9 quilos.

Durante a apuração, foi descoberta a participação de policiais militares em crimes de peculato e tráfico de drogas. Eles estariam desviando as drogas, entre elas cocaína, para depois revender. Contra o soldado Alisson José foram cumpridos mandados de prisão preventiva e também de busca e apreensão.

(Foto: Henrique Arakaki – Jornal Midiamax)

Denunciado por integrar a Máfia dos Cigarreiros

Conforme apurado inicialmente pela Corregedoria, policiais estavam envolvidos no esquema de facilitação de contrabando de cigarros, principalmente militares que atuavam na região de fronteira. Assim, o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) instaurou o procedimento de investigação, que resultou na Operação Oiketicus.

Ao todo, 29 policiais militares foram presos, entre eles Alisson José. Foram apurados crimes de organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro. Na denúncia, o Gaeco aponta que Alisson, estava lotado no Distrito de Culturama e estaria envolvido com a facilitação ao contrabando.

Foram colhidos elementos probatórios da participação do militar na organização criminosa, atuando para permitir a passagem dos criminosos pelas rodovias e, inclusive, fazendo papel de batedor para carretas contrabandeadas de cigarros. Para isso, ele recebia propina e também repassava a propina para outros policiais.

No celular de Alisson foram encontradas conversas que fazem referência a uma apreensão de cigarros, em que são citados nomes de dois integrantes da cúpula da organização criminosa, sendo um deles o ex-PM Pingo, Fábio Costa. Foi quebrado sigilo bancário do soldado, que entregou movimentações de mais de R$ 798 mil.

Em outubro de 2021, Alisson foi condenado a 13 anos, 6 meses e 29 dias de reclusão, em regime fechado. Sendo assim, cumpre pena no Presídio Militar de Campo Grande. Ele também foi condenado à exclusão, tendo recorrido e sendo reintegrado aos quadros da PMMS no último mês.

3º sargento preso

O 3º sargento da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, Thiago de Souza Martins, foi preso em casa, no Bairro Santo Antônio. No dia 16 deste mês, conforme consta em publicação no DOE (Diário Oficial do Estado), ele foi excluído das fileiras da Polícia Militar, em cumprimento a uma decisão judicial.

Em 2018, Thiago Martins e mais dois militares foram flagrados com contrabando avaliado em R$ 100 mil. O aconteceu na MS-162, sentido a Maracaju, após denúncia anônima.