Grazielly jantou com ex antes de ser torturada e morta a golpes de faca, diz delegada

Delegada afirma que acusado teria premeditado crime e o motivo seria ciúme

Ouvir Notícia Pausar Notícia
Compartilhar

Grazielly Karine Soares Alves de Lima, de 28 anos, antes de ser morta de forma brutal por Edmilson Veríssimo dos Reis, de 33 anos, foi torturada depois de sair para jantar em um restaurante de Corumbá, a 428 quilômetros de Campo Grande. Foi o que informou a titular da DAM (Delegacia de Atendimento da Mulher), Tatiana Zyngier e Silva, durante entrevista coletiva nesta quinta-feira (23).

Segundo a delegada, o casal estaria ‘possivelmente’ tentando reatar o relacionamento após três meses de separação. Ela acredita que Edmilson, vinha premeditando o crime. Tudo leva a crer, que o motivo seria por ciúmes depois que ele recebeu uma suposta ligação, que está sendo investigada.

“Na noite do crime, eles foram num restaurante jantar, inclusive saíram por volta das 23h e depois voltaram para a residência. A gente acredita, na verdade, com bastante veemência, que ele tinha muito ciúmes dela e chegou a informação de que uma mulher havia entrado em contato com o Edmilson, para falar que a Grazielly estaria traindo-o”, disse Tatiana.

Ela contou que já sabendo disso – da suposta traição -, na noite do crime, foram jantar. “Acredito que ele estava premeditando o que faria, quando então, chegou na casa, que era dele, e cometeu o crime”, falou a delegada frisando que foram pelo menos 25 minutos de tortura antes da morte de Grazielly.

A delegada teria frizado que Edimilson sempre teve ciúmes, e que já teria cometido fatos graves contra a ex-mulher. “Sabemos que ele sempre teve ciúmes não só dela, mas como no relacionamento anterior dele, onde já tinha cometido fatos graves contra a ex”, disse.

A vítima já havia registrado boletim de ocorrência contra Edmilson, no dia 8 de março, por violência doméstica, onde solicitou medida protetiva. “Foi feito o registro da ocorrência em março, inclusive esse inquérito foi instaurado e foi relatado em maio, já estava no poder Judiciário”, comenta a delegada, segundo informou o site Diário Online.

A morte de Grazielly

A residência onde Grazielly foi morta estava bem bagunçada, com garrafa quebrada, celular quebrado. O local estava cheio de sangue e a vítima foi encontrada morta num sofá. Até o cabelo dela foi cortado em várias partes.

Grazielly Karine Soares (Foto: Reprodução / Prefeitura de Corumbá)

O feminicídio aconteceu com requintes de crueldade, afirma a delegada. “Ela foi torturada, esfaqueada, golpeada com socos, mordidas, sofreu muito”, relatou a delegada responsável pelo caso, dizendo que a o autor, depois de matar Grazielly, entrou em contato com dois amigos.

“Ele se desesperou e ligou para esses dois amigos, que foram até o local. Ambos foram ouvidos pela Polícia, dizendo que ele teria saído de moto da casa. Essas testemunhas foram ouvidas aqui na Delegacia da Mulher, tinham dado uma versão no local e outra aqui, até então, eles eram suspeitos de terem favorecido a fuga dele, mas depois se verificou que realmente, a princípio, só foram acionados pelo próprio autor, conversaram rapidamente e Edmilson saiu da casa tomando rumo incerto”, completou.

Esconderijo e tiro

O paradeiro de Edmilson foi descoberto após informações de que uma pessoa que sempre o ajudou, possivelmente poderia estar escondendo-o na residência.

“Nos chegou a informação de que uma pessoa estaria acobertando ele, pois era alguém que sempre fazia isso, quando ele se metia em problemas. Então, as equipes foram até essa casa, onde já tinha uma advogada na companhia dessa pessoa, que se mostraram nervosos. Neste momento, as equipes olharam pelo portão, viram a moto de Edmilson e essas pessoas ao serem questionadas resolveram permitir a entrada do policiais, que viram mais duas pessoas no fundo casa. Ao irem de encontro, ouviram um disparo de arma de fogo, confirmando, então, que o autor havia disparado um tiro contra a própria cabeça depois de sair do quarto onde estava. Ele foi encontrado já caído no chão do corredor da casa, sendo prestado o socorro necessário”, relatou a delegada.

Todas as pessoas que estavam na casa foram detidas, menos a advogada. “Eles foram presos por favorecimento pessoal. Eles não participaram do crime, mas prestaram auxílio para o autor do crime para que ele não seja punido, responsabilizado. É um crime de menor potencial ofensivo, então, a gente ouviu, eles assinaram compromisso de comparecerem a audiência quando necessário e os liberamos”, explicou Tatiana.

Familiares da vítima confirmaram que, de fato, o relacionamento entre Grazielly e Edmilson era bem conturbado. “Eles não foram intimados ainda, pois não é momento adequado. Vamos aguardar e eles serão chamados. Foi algo chocante, cruel, o que aconteceu. Mas eles serão ouvidos também”, relatou.

Denuncie

A delegada Tatiana ainda reforçou a importância de denunciar os casos de violência contra a mulher. É o primeiro passo para se evitar algo pior, como o que aconteceu com Grazielly.

“A gente sempre orienta que, se existe violência, relacionamento abusivo, que as vítimas tenham força para manter a decisão de seguir com o procedimento e não retornar com o relacionamento, não sabemos até que ponto a violência pode evoluir, como nesse caso da Grazielly, onde o autor demostrava que ele era uma pessoa suscetível a evoluir, pois já tinha cometido crime grave. Mas, não podemos julgar a vítima, não sabemos quais a dependências emocionais que existiam ali, só ela poderia falar, mas infelizmente, não está aqui para dizer. Se existe violência não permaneça na relação, não sabemos o que pode acontecer”, orientou.

Estado clínico de Edmilson

Edmilson continua no (CTI) Centro de Tratamento Intensivo da Santa Casa de Corumbá. “Ele se encontra em estado gravíssimo e, conforme as informações, com possível morte cerebral. As próximas 24h serão decisivas, segundo a equipe médica”, concluiu.

Em nota, a Santa Casa de Corumbá informou que, nesta quinta-feira (23), Edmilson permanece sem sedação, em coma, respirando com suporte de aparelho de ventilação mecânica e com necessidade de medicação para manter pressão arterial minimamente adequada. “Informamos ainda que, o paciente apresenta sinais iminentes de morte encefálica, visto não apresentar reflexos vitais para manutenção da vida, mesmo sem a administração de sedativos”, relatou a direção técnica do hospital.

Conteúdos relacionados