Em audiência, homem que denunciou PMs diz que foi ameaçado pelo PCC para retirar queixa

Denúncia motivou pedido de prisão do MPMS contra 4 policiais

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(Foto: Henrique Arakaki/Jornal Midiamax)

No decorrer do processo que trata da denúncia contra quatro policiais militares do Batalhão de Choque, de Campo Grande, homem que acusou os policiais de injúria e lesão corporal relatou em audiência que sofreu ameaças do PCC (Primeiro Comando da Capital). O caso repercutiu após a notícia veiculada na quarta-feira (22), sobre o pedido de prisão feito contra os militares.

Na audiência o homem que foi denunciado pelo MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) por tráfico de drogas, associação para o tráfico e resistência, relatou que sofreu ameaças da facção criminosa. “Ligam pessoas estranhas no celular da minha família, dizendo que são envolvidas com facções, dizendo pra mim voltar a queixa pra trás (sic)”, disse para a promotora na videoconferência.

“Não posso confirmar nada porque não sei realmente quem é”, afirmou. “Ligaram para mim, dizendo que eram de uma certa facção, no qual era pra mim retirar a queixa contra os policiais do Choque, que era pra mim desistir, porque estavam sofrendo opressões (sic)”, disse.

Familiar do acusado também relatou que recebeu as ligações com ameaças, para que orientasse ele a desistir da denúncia.

Prejuízo ao tráfico e ao PCC

Na quinta-feira (23), o secretário Antônio Carlos Videira, da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública) afirmou ao Midiamax que há prejuízo ao crime organizado quando ocorre um crime de grande vulto na região, que chama atenção da polícia. “O tráfico não quer a polícia na região e usa de toda e qualquer artimanha para isso, ora tentando afastar bons policiais, ora tentando cooptar e ora ameaçando”, disse.

Ainda conforme o secretário, o episódio acabou chamando muita atenção para a região do Jardim Aeroporto e Vila Popular. “Vamos continuar atuando como sempre, com mais vigor ainda”, afirmou.

Reunião após pedido de prisão dos policiais

Após o Midiamax noticiar o pedido de prisão contra os quatro policiais militares, feito pelo MPMS, mas que não foi acatado pela Justiça, membros da Sejusp e PGJ (Procuradoria Geral da Justiça) se reuniram, na tarde de quinta-feira (23).

Apesar de o encontro ser realizado na PGJ, que é um órgão público, a reportagem do Midiamax não teve permissão para acompanhar a reunião e sequer foi autorizada a permanência na recepção. A assessoria do MPMS não atendeu às ligações ou respondeu às mensagens para liberar o acesso da equipe.

Após o encontro, Videira parou para atender o Midiamax e destacou que, após reportagem que noticiou pedido de prisão por parte do MPMS contra 4 policiais do Choque após denúncia de traficantes, as forças de segurança atuarão “mais unidas, com mais vigor e mais intensamente”.

Ainda conforme o secretário, o “episódio” foi recebido com preocupação pela Secretaria de Justiça de MS, mas que se trata de “fato isolado e será superado”. Após a reunião, a promessa foi de “apoio incondicional, como sempre foi e será a parceria da segurança pública”. Por fim, o secretário reforçou que as forças de segurança pública “vão continuar as atividades em todo e qualquer lugar que for necessário”.

‘O Estado é mais organizado do que o crime’

Após as conversas que seriam entre membros do PCC serem divulgadas, Videira ressaltou que os criminosos que comemoram decisão do MPMS, sobre o pedido de prisão dos policiais militares, estão equivocados.

“O MP não é feito de um promotor, mas de um grupo de defensores da lei. Assim como a Segurança Pública é feita de um grupo de homens e mulheres que defendem a população do crime organizado”, pontuou. “A decisão judicial foi para um fato isolado e alguns policiais, porém, a PM, a Sejusp e toda instituição continuará agindo como sempre agiu e com apoio da Justiça e do MP”, afirmou o secretário.

Videira ainda disse que “o crime é organizado sim, mas o Estado é mais organizado e mais do que isso, é unido e atua um apoiando o outro”.

MP pediu prisão de policiais após reclamações de traficantes

Policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul quase foram parar na cadeia e estão ‘proibidos’ de realizar o policiamento para segurança no Jardim Aeroporto e na Vila Popular, bairros da região oeste de Campo Grande. O pedido da prisão de PMs foi feito pelo Ministério Público Estadual de MS e vazou para moradores, que reclamam.

O caso começou quando os policiais realizaram abordagem a um casal suspeito de atuar no tráfico de drogas. Eles acabaram na casa da família, que acusou os policiais de abuso e agressão. Segundo o relato do casal, havia crianças na casa e os policiais do Choque foram violentos.

Assim, de suspeitos, os dois, com passagem por narcotráfico, viraram vítimas. Eles denunciaram o caso e o Ministério Público de Mato Grosso do Sul pediu a prisão dos policiais. O juízo da Auditoria Militar não aceitou o pedido da promotoria para colocar os policiais atrás das grades, mas aplicou medidas que restringem temporariamente a ação dos quatro servidores públicos estaduais da segurança pública na região.

Foi o suficiente para que as ‘vítimas’, segundo relatos de comerciantes que atuam nas imediações, supostamente comentassem a ‘blindagem’, em tom de comemoração. A decisão judicial impede os quatro policiais militares do Batalhão de Choque de realizarem policiamento ostensivo nas imediações do Jardim Aeroporto e da Vila Popular.

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