O contador Tércio Moacir Brandino, que forjou a própria morte para tentar enganar a polícia, foi condenado a seis anos, oito meses e 26 dias de prisão, além de 75 dias-multa, em regime fechado por estelionato. Ele é acusado de, juntamente com mais 10 comparsas, formar uma quadrilha para aplicar golpes na locação de maquinários agrícolas e da construção civil.

Os fatos vieram à tona em 2016, a partir de investigações da (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, que desarticulou o esquema. Em suma, os investigados se passavam por empresários e até mantinham um barracão onde alegavam que ali funcionava a sede da construtora deles.

Assim, eles alugavam ou compravam maquinários, pagavam apenas uma parcela de pequena do valor e depois vendiam por valor abaixo do valor de mercado, à vista, e obtinham lucro às custas das empresas de onde haviam retirado. O detalhe é que a ação foi intensa, mas em um curto período de tempo, tanto que não demorou para que a fraude fosse descoberta.

As empresas vítimas, por sua vez, chegaram a visitar o endereço da construtora, mas se depararam com o local abandonado, vazio e precisaram superar um prejuízo milionário. Como Tércio estava foragido, o processo no que diz respeito à participação dele foi desmembrado, já que as informações iniciais eram de que poderia estar até morto.

Tércio foi preso em abril do ano passado. Ao avaliar o caso, o juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal da Capital, julgou procedente o pedido para condená-lo por estelionato, por envolvimento em oito golpes. Ele acabou por ser absolvido dos demais. Assim, o regime inicial de prisão é o fechado e a defesa já ingressou com recurso em segunda instância.

Histórico e morte ‘fake'

Conforme já noticiado, Tércio foi condenado por ligação com crimes apurados nas operações Lama Asfáltica, Caduceu, Iceberg e Canindé. Embora já condenado e cumprindo pena junto à (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário), o autor acabou ilegalmente liberado no dia 09 de fevereiro de 2017, do Instituto Penal de , com alvará de soltura em outro processo, porém, mantendo ainda em seu desfavor outros dois mandados de prisão preventiva que impediam sua liberação. 

No entanto, ele saiu pela porta da frente e não havia sido localizado desde então. A liberação ilegal e consequente fuga foi descoberta depois de dois meses, quando Tércio foi procurado no Instituto Penal para ser intimado e tomar ciência de sua condenação por estelionato e falsificação de selos públicos, no mês de abril daquele ano. Na ocasião, o oficial de Justiça constatou a fuga. O caso foi investigado e um agente penitenciário foi condenado por ajudá-lo.

Já foragido, o contador ainda tentou impedir sua recaptura pelos órgãos de segurança pública, simulando a própria morte. Ele atribuiu seus dados pessoais a um paciente que havia dado entrada no Hospital Regional de Campo Grande e morrido em seguida. 

Contudo, a fraude foi descoberta pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado), através de confronto papiloscópico requisitado e promovido pelo Instituto de Identificação de Campo Grande.

Desde então, a equipe policial realizava diversas diligências em busca do paradeiro do contador. Ele estava em um condomínio na Vila Aimoré, em Campo Grande, quando acabou preso em abril do ano passado. Assim, voltou a responder pelos crimes e sentenças a que ele foram atribuídos.