‘Código secreto’ foi alerta para amigas e marido acabou confessando morte de Natalin em Campo Grande

Natalin foi assassinada com um golpe de mata-leão e teve o corpo jogado às margens da BR-060

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Um ‘código secreto’ entre Natalin Nara Garcia de Freitas, de 22 anos, e duas amigas teria levantado a suspeita das mulheres que algo errado havia ocorrido com a jovem, que foi assassinada pelo marido, militar da Aeronáutica, Tamerson de Souza preso pelo crime, no dia 7 deste mês. Ele teve a prisão preventiva decretada.

A delegada Ana Paula, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), disse que após o achado do corpo de Natalin e a prisão do militar, amigos e familiares da jovem prestaram depoimento na delegacia. Uma das amigas contou que elas tinham um código com uma pergunta específica que teria uma resposta específica. O código, segundo elas, era usado para saber se a outra podia falar sem ter alguém por perto, sem estar sendo vigiada, e quando mandaram a mensagem para Natalin e não veio a resposta, as amigas desconfiaram.

Ainda segundo o depoimento da amiga, Natalin tinha o costume de fazer várias postagens nas redes sociais mostrando seu dia e o fato de não visualizarem nenhuma postagem da vítima desde quinta-feira (3), causou estranheza nas amigas. Na noite anterior ao crime, Natalin havia saído com amigas para um bar sendo que durante a madrugada de sexta-feira (4) a vítima mandou mensagem para amiga pedindo ajuda.

Natalin teria dito que uma das amigas que estava com ela no bar estaria embriagada, sendo que a testemunha, então, chamou um motorista de aplicativo para Natalin que não deu mais notícias. Após não conseguir mais contato com Natalin, a amiga teria dito a Tamerson que iria procurar a polícia para registrar um boletim de ocorrência. Com medo, o militar passou a enviar mensagens para as amigas se passando por Natalin. 

Logo após a prisão de Tamerson, a defesa tentou a revogação de sua prisão, mas foi negada pela Justiça. A defesa alegou que Tamerson tinha bons antecedentes criminais, residência fixa, e trabalho lícito, além de ter uma filha menor dependente dele. A advogada Talita Dourado Aquino ainda afirmou no pedido que seu cliente cooperou com a polícia não fugindo, sendo encontrado em sua casa.

A advogada ainda diz que Tamerson confessou o crime sendo levado duas vezes para prestar esclarecimentos. “Não se pode confundir ordem pública com o estardalhaço causado pela imprensa pelo inusitado crime. Como ficar em liberdade é a regra geral, deveria o juiz justificar substancialmente a necessidade de paciente ficar preventivamente preso. Não basta invocar de ordem formal, palavras abstratas do artigo 312 do CPP. Ordem concedida”. 

Já o juiz Albino Coimbra Neto justificou a manutenção da prisão de Tamerson dizendo: “Verifica-se, in casu, pelas condições do delito, em especial pela natureza do crime, praticado com emprego de violência à pessoa, inclusive, com indícios de requintes de crueldade, aliado a ser militar da aeronáutica, ou seja, devendo ter reputação ilibada e ser exemplo à sociedade, bem como pela ausência de comprovação de trabalho lícito e residência fixa, entendo não ser recomendável a concessão de liberdade provisória.”

Depoimento de Tamerson

Tamerson relatou em depoimento que, quando Natalin chegou à residência do casal, ela teria passado a xingá-lo, ofendê-lo e estapeá-lo, momento em que teria tentado segurá-la aplicando um mata-leão. Natalin caiu desacordada e Tamerson teria tentado acordá-la, mas acabou percebendo que a jovem estava morta. 

O militar, então, a teria enrolado em um lençol e colocado o corpo dentro do porta-malas do carro. Ele esperou o dia clarear e levou a filha de 4 anos para a escola, com o corpo escondido no carro. Depois, foi até a rodovia e pegou uma estrada de chão, onde desceu, retirou o corpo e o arrastou até o matagal, onde o abandonou. 

Em seguida, Tamerson foi para a Base Aérea e depois marcou um encontro com uma prostituta de um site de acompanhante. No entanto, segundo o militar, o encontro aconteceu para ele ‘somente desabafar’ sobre a crise no casamento, não revelando para a mulher que havia assassinado a esposa, e, segundo ele, não aconteceu relação sexual entre os dois. 

Ainda em seu depoimento, Tamerson contou que após abandonar o corpo, teria simulado conversas com amigas de Natalin, que estavam preocupadas com seu sumiço. Em uma das conversas em que se passa pela jovem, diz: “Desculpa eu deixar vocês preocupados, mas eu precisava fazer isso. Preciso de um tempo para voltar a ser o que era”. 

Após isso, Tamerson resetou o celular da esposa e o anunciou no Facebook pelo valor de R$ 3 mil. O militar ainda diz que ‘estava no seu limite’, que era constantemente humilhado pela esposa, e que cuidava sozinho da menina, que não era sua filha. O militar ainda revelou que o casal estava frequentando terapia de casal, e que há cinco meses não mantinham relação sexual.

Quando questionado sobre o nariz machucado e com sangue em Natalin, Tamerson disse que pode ter ocorrido na hora da queda da esposa no chão, após o mata-leão aplicado na jovem. Para a filha do casal, o militar contou que Natalin havia ficado doente e que tinha morrido no hospital.

Após a identificação do corpo no Imol (Instituto de Medicina Legal), os policiais foram até a casa de Tamerson, o encontrando na companhia da filha. Ele passou a ficar nervoso se contradizendo e acabou confessando o crime. A menina quem teria dito aos policiais que o pai passou dias chorando depois da mãe ter morrido ‘no hospital’, e que ele havia guardado o celular de Natalin em cima do guarda-roupa. Ele acabou preso e encaminhado para Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).

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