Defesa pede liberdade para militar que matou a mulher alegando ‘filha dependente’ e ‘cooperação’
Militar teria colaborado com a polícia de Campo Grande, alega defesa
Arquivo –
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A defesa do militar da Aeronáutica, Tamerson de Souza, preso nessa segunda-feira (7) após confessar o assassinato da esposa, Natalin Nara Garcia, morta aos 22 anos por estrangulamento, entrou com pedido de liberdade nesta terça-feira (8) alegando que o militar cooperou com a polícia. Ele teve a prisão preventiva decretada nesta terça-feira (8).
Na peça, a defesa alega que Tamerson tem bons antecedentes criminais, residência fixa, e trabalho lícito, além de ter uma filha menor dependente dele. A advogada Talita Dourado Aquino ainda afirmou no pedido, que seu cliente cooperou com a polícia não fugindo, sendo encontrado em sua casa.
A advogada ainda diz que Tamerson confessou o crime sendo levado duas vezes para prestar esclarecimentos. “Não se pode confundir ordem pública com o estardalhaço causado pela imprensa pelo inusitado crime. Como ficar em liberdade é a regra geral, deveria o juiz justificar substancialmente a necessidade de paciente ficar preventivamente preso. Não basta invocar de ordem formal, palavras abstratas do artigo 312 do CPP. Ordem concedida”.
Já o juiz Albino Coimbra Neto justificou a manutenção da prisão de Tamerson dizendo: “Verifica-se, in casu, pelas condições do delito, em especial pela natureza do crime, praticado com emprego de violência à pessoa, inclusive, com indícios de requintes de crueldade, aliado a ser militar da aeronáutica, ou seja, devendo ter reputação ilibada e ser exemplo à sociedade, bem como pela ausência de comprovação de trabalho lícito e residência fixa, entendo não ser recomendável a concessão de liberdade provisória.”
Natalin foi morta estrangulada e teve o corpo escondido no porta-malas do carro por três dias. O crime aconteceu por volta das 2 horas da madrugada da última sexta-feira (4) em Campo Grande. Segundo detalhou à polícia, a jovem teria chegado em casa embriagada. Ele ainda simulou conversas no WhatsApp fingindo ser Natalin para despistar a polícia.
Depoimento
Tamerson relatou que quando Natalin chegou à residência do casal, ela teria passado a xingá-lo, ofendê-lo e estapeá-lo, momento em que teria tentado segurá-la aplicando um mata-leão. Natalin caiu desacordada e Tamerson teria tentado acordá-la, mas acabou percebendo que a jovem estava morta.
O militar, então, a teria enrolado em um lençol e colocado o corpo dentro do porta-malas do carro. Ele esperou o dia clarear e levou a filha de 4 anos para a escola, com o corpo escondido no carro. Depois, foi até a rodovia e pegou uma estrada de chão, onde desceu, retirou o corpo e o arrastou até o matagal, onde o abandonou.
Em seguida, Tamerson foi para a Base Aérea e depois marcou um encontro com uma prostituta de um site de acompanhante. No entanto, segundo o militar, o encontro aconteceu para ele ‘somente desabafar’ sobre a crise no casamento, não revelando para a mulher que havia assassinado a esposa, e, segundo ele, não aconteceu relação sexual entre os dois.
Ainda em seu depoimento, Tamerson contou que após abandonar o corpo, teria simulado conversas com amigas de Natalin, que estavam preocupadas com seu sumiço. Em uma das conversas em que se passa pela jovem, diz: “Desculpa eu deixar vocês preocupados, mas eu precisava fazer isso. Preciso de um tempo para voltar a ser o que era”.
Após isso, Tamerson resetou o celular da esposa e o anunciou no Facebook pelo valor de R$ 3 mil. O militar ainda diz que ‘estava no seu limite’, que era constantemente humilhado pela esposa, e que cuidava sozinho da menina, que não era sua filha. O militar ainda revelou que o casal estava frequentando terapia de casal, e que há cinco meses não mantinham relação sexual.
Quando questionado sobre o nariz machucado e com sangue em Natalin, Tamerson disse que pode ter ocorrido na hora da queda da esposa no chão, após o mata-leão aplicado na jovem. Para a filha do casal, o militar contou que Natalin havia ficado doente e que tinha morrido no hospital.
Após a identificação do corpo no Imol (Instituto de Medicina Legal), os policiais foram até a casa de Tamerson, o encontrando na companhia da filha. Ele passou a ficar nervoso se contradizendo e acabou confessando o crime. A menina quem teria dito aos policiais que o pai passou dias chorando depois da mãe ter morrido ‘no hospital’, e que ele havia guardado o celular de Natalin em cima do guarda-roupa. Ele acabou preso e encaminhado para Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher).
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