Em 8 meses, MS bate recorde no número de feminicídios registrados desde 2017
Aumento dos casos vai na contramão da diminuição de registros de violência doméstica
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Desde o dia 1º de janeiro até esta segunda-feira, 30 de agosto, Mato Grosso do Sul registrou 26 casos de feminicídio, homicídio qualificado pela violência doméstica. O número é o maior dos últimos 5 anos, se comparado ao mesmo período desde 2017. A crescente vai contra a redução nos casos de violência doméstica, em geral, que teve queda com o passar dos anos.
Em 2017, neste mesmo período de tempo, foram 20 casos de feminicídio registrados, o mesmo do ano seguinte, 2018. Já em 2019, foram 21 casos e, em 2020, um a mais, totalizando 22 casos. Neste ano, já foram 26 mulheres vítimas de feminicídio, das quais 6 foram registrados só neste mês de agosto.
Casos de feminicídio em agosto
Foram vítimas de feminicídio em agosto, mês marcado pela campanha de combate à violência doméstica, Laís de Jesus Cruz, de 29 anos, assassinada pelo marido Pabilo dos Santos Trindade, de 35 anos. O crime aconteceu em Sonora e a vítima ainda foi enterrada no quintal da casa pelo marido, que acabou preso.
Outra vítima também assassinada e enterrada pelo companheiro foi Elisiane Ferreira da Silva Alves, de 39 anos. Ela foi morta em Chapadão do Sul pelo marido, José Edilson Ramos da Silva, que acabou preso e revelou onde o corpo da vítima foi enterrado, em uma fazenda.
Uma terceira vítima foi morta da mesma forma, também enterrada em casa. Felipa Moreno Ojeda, de 33 anos, estava desaparecida desde maio. A família registrou boletim de ocorrência em julho e, em agosto, ela foi encontrada enterrada na casa do marido. O autor foi identificado, fugiu para o Paraguai e ainda não foi localizado.
A única vítima de feminicídio em Campo Grande neste ano foi Silvana Domingos dos Santos, de 31 anos. Assassinada a tiros dentro de casa, no Los Angeles, ela teria sido assassinada pelo ex-namorado. O caso ainda está em investigação e o autor não foi preso. Mesmo assim, o caso é tratado pela Polícia Civil como feminicídio.
Raissa da Silva Cabreira, de 11 anos, também foi vítima de feminicídio. Moradora em Dourados, ela foi arrastada por dois adolescentes e um rapaz. O próprio tio, Elinho Arévalo, de 34 anos, a encontrou no momento em que era violentada e também participou do estupro. O grupo jogou a criança de um penhasco, onde ela foi encontrada morta. Todos os envolvidos foram identificados e apreendidos ou presos. Elinho foi encontrado morto no PED (Presídio Estadual de Dourados), em princípio, após cometer suicídio.
Outra vítima de feminicídio em Mato Grosso do Sul foi Derci Lopes, de 77 anos. Ela foi queimada viva pela ex-cunhada, de 70 anos, que já a ameaçava de morte. A idosa acabou presa e está detida preventivamente.
Números da violência doméstica
Apesar da redução, ainda é alto o número de vítimas de violência em Mato Grosso do Sul. São quase duas vítimas por hora, conforme os dados da Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). Só em Campo Grande, foram 2.778 casos de ameaça, qualificada por violência doméstica de janeiro a julho deste ano. Também foram 8 tentativas de feminicídio no primeiro semestre.
Já os casos de lesão corporal dolosa, ou seja, quando há intenção de ferir, foram 957, mais de 4 vítimas agredidas pelos companheiros diariamente. No total, foram 3.178 casos de violência doméstica em 7 meses, pelo menos 15 casos por dia. Em todo o Estado, os números foram de 7.918 registros de ameaça, 20 feminicídios, 42 tentativas de feminicídio e 3.619 lesões corporais dolosas, totalizando 9.220 casos de violência doméstica.
O número ainda é alto, mas menor se comparado ao mesmo período em 2020. Ao todo, foram 3.362 registros de casos de violência doméstica em Campo Grande de janeiro a julho do ano passado, totalizando 15,8 casos por dia. Entre eles, estavam 7 feminicídios. Em Mato Grosso do Sul, foram 9.827 registros de violência doméstica nos primeiros 7 meses do ano, ao menos 46 casos por dia, três a mais do que em 2021.
Em 2019, os números da violência doméstica foram ainda maiores. Em Campo Grande, foram 6.406 casos em todo o ano, contra 5.813 em 2020. No Estado, foram 18.933 registros, enquanto no ano seguinte o número caiu para 17.503.
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