A prisão em flagrante que levou José Edilson Ramos da Silva a confessar que enterrou a esposa, Elisiane Ferreira da Silva Alves, de 39 anos, aconteceu quando ele ameaçava a irmã nesta quinta-feira (5). Mesmo tentando despistar a polícia, um cobertor encontrado no local do crime entregou o suspeito. O feminicídio aconteceu em Chapadão do Sul, município distante 330 quilômetros de Campo Grande.

De acordo com o delegado Felipe Potter, responsável pelas investigações do caso, uma vizinha procurou a delegacia na terça-feira (3) para relatar o desaparecimento de Elisiane. Na ocasião, ela contou que a viu pela última vez bebendo com o marido, no domingo (1º). Depois disso, desapareceu, não atendia ligações nem respondia mensagens no celular.

A Polícia Civil logo desconfiou. “Chamou atenção que o boletim de ocorrência do desaparecimento foi feito pela vizinha e não pelo ‘maior interessado’, que é o marido”, relatou o delegado. Ainda segundo a autoridade policial, durante as diligências José Edilson foi chamado para prestar esclarecimentos na delegacia.

Tentou mentir

Na quarta-feira (4), a irmã de José foi ouvida na delegacia e contou que ele confessou a ela que “tinha feito besteira, mas não se entregaria”. A partir daí, somado ao histórico de violência doméstica contra ex-mulheres, José passou a ser considerado principal suspeito do desaparecimento da vítima.

Ouvido na delegacia no dia anterior, José alegou que não procurou a polícia porque a vizinha já tinha registrado o boletim de ocorrência. Ele disse que bebia com ela, mas depois ela saiu para beber com outras pessoas e desapareceu. Como não havia provas para o flagrante, ele foi liberado. No entanto, na quarta-feira foi detido em flagrante pela Polícia Militar por ameaçar a irmã, já que ele revelou a ela o crime e ela queria acionar a polícia.

Desta vez, o depoimento mudou. José acionou o advogado e novamente inventou uma história. Ele disse que passou o dia bebendo com a esposa, depois uma terceira pessoa o ameaçou, na rua, o obrigando a matar e enterrar Elisiane. Depois, apontou o local onde estava o corpo, em uma área de fazenda perto da divisa com Goiás, onde o corpo de Elisiane foi encontrado.

História não bate

Ainda conforme o delegado Felipe Potter, alguns fatores acabam desmentindo a versão de José, de que ele teria sido obrigado a cometer o crime. Entre eles está uma coberta encontrada no local em que o corpo foi enterrado. A coberta estava na residência do casal, onde eles bebiam antes do desaparecimento de Elisiane.

Assim, não justifica a história de que o crime teria acontecido na rua. Tudo isso somado ao fato de ele não ter procurado a polícia após a esposa desaparecer e também seu histórico de violência doméstica. “Diante das novas evidências, ele foi preso em flagrante por ocultação de cadáver e agora também pelo feminicídio”, pontuou o delegado.

Ainda conforme a autoridade policial, outras pessoas devem ser ouvidas na delegacia e é aguardado laudo da Perícia, que deve apontar a causa da morte. A polícia ainda tenta identificar a motivação do crime.