Foi agendada para a tarde de 17 de maio a audiência para oitiva de testemunhas e também interrogatório do 2º tenente da PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) André Luiz Leonel Andréa, além de outros 5 colegas. Os seis são réus no processo por agressão a uma mulher no batalhão de Bonito, cidade a 300 quilômetros de Campo Grande.

O fato ocorreu em setembro de 2020, mas as filmagens das câmeras de segurança do batalhão só foram divulgadas em novembro, quando o caso tomou repercussão. Em março deste ano, a denúncia foi recebida. De acordo com o MPMS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), por volta das 20 horas do dia 26 de setembro de 2020, o tenente Leonel agrediu a vítima no batalhão, ofendendo a integridade corporal da vítima, causando lesão leve.

Ele ainda injuriou a vítima. Nas mesmas condições, os colegas deixaram de dar voz de prisão ao policial, “movidos pelo sentimento pessoal de corporativismo”. Na data, cabo Osvaldo Silvério e soldado Itamar Ribeiro foram acionados para a ocorrência no restaurante, onde foram informados pela proprietária que a cliente teria feito ameaças.

Eles foram até o hotel em que a mulher estava e ela então teria ofendido os militares. Algemada, ela foi levada até o batalhão e Conselho Tutelar foi acionado por conta dos filhos dela. Já na unidade militar, o tenente Leonel foi informado da situação e retirou a mulher do compartimento de presos da viatura.

Após colocá-la sentada em uma cadeira na recepção, o tenente disse que os filhos da vítima iriam para um abrigo, momento em que ela pediu para ligar para o marido. O PM então teria xingado a vítima, que se ofendeu e retrucou. Foi neste momento que o militar agrediu a vítima socos, chutes e tapas.

A agressão só foi cessada após a soldado intervir, segurando o tenente. No entanto, ela também foi denunciada, já que não deu voz de prisão ao militar, bem como os colegas. Mesmo sabendo dos fatos, os militares e colegas de Leonel não tomaram qualquer providência sobre o fato.

Já o soldado Rodrigo Ferreira Arévalo foi denunciado após ser chamado pelo tenente para ir até o quartel, algum tempo após a agressão. O PM questionou se ele tinha acesso às filmagens e pediu que apagasse as imagens que o incriminassem. No entanto, o militar alegou que não podia apagar. Apesar de saber do crime, ele também não comunicou o fato ao superior hierárquico.

A denúncia foi recebida pelo juiz Alexandre Antunes da Silva, da Auditoria Militar, tornando réus os 6 policiais. André Leonel pela agressão e injúria contra a vítima e os outros 5 por saberem dos fatos, não darem voz de prisão ao policial ou mesmo comunicarem o superior dos fatos, para que fossem devidamente apurados.