Na manhã deste domingo (22), vítima de agressões por tenente da Polícia Militar de de , a 300 quilômetros de Campo Grande, contou pela primeira vez, ao Midiamax, a versão dos fatos. Ela é moradora em Corumbá e comemorava o aniversário em uma que ganhou do marido, também policial militar.

Empresária, com três filhos, a vítima contou que tem uma menina especial, que é autista e sofre de uma síndrome ainda em investigação. A mulher faz aniversário em 18 de setembro e neste ano ganhou do marido a viagem para Bonito, para comemorar a data. Assim, em 24 de setembro foi para a cidade turística com os filhos.

A família ficou em um hotel e no sábado se hospedou em uma pousada. Durante o dia fizeram passeio e à noite a filha que é autista estava com fome e queria comer arroz com . Na pousada a mulher então pediu informação de onde poderia comprar comida e foi recomendado o restaurante logo em frente.

Ainda segundo a vítima, lá ela pediu pratos feitos e pagou R$ 100. Ela ainda explicou para a dona que precisava de pelo menos um prato às pressas por causa da filha mais nova. Depois de aproximadamente 1h30 ela voltou e a comida ainda não estava pronta, quando teria iniciado a discussão com a proprietária do estabelecimento.

Briga e prisão

Conforme relato da mulher, a dona do restaurante teria chamado a menina de “verme da sociedade”, quando elas entraram em luta corporal. “Minha filha que tinha 17 anos na época veio correndo e me tirou da confusão e me levou embora”. Minutos depois, a equipe da Polícia Militar chegou na pousada.

“Esse tenente me obrigou a sair do quarto me levando pelos cabelos para fora”, contou. Também conforme a vítima, ela tentou explicar o ocorrido, quando a dona do restaurante chegou e perguntou se os policiais não iriam prender a mulher. “Quando vocês vêm comer de graça no restaurante eu não reclamo”, teria dito a dona do estabelecimento aos militares.

Neste momento a vítima teria questionado ao policial se eles deixavam a mulher tratar os turistas daquela forma por causa de comida grátis, quando ele a teria agredido com um tapa no rosto e xingado. Ele ainda teria dito que a mulher e a filha mais velha estariam ali para fazer programa.

“Fiquei desesperada, minha bebê surtando e meu filho de 6 anos vendo toda a cena”. Assim a mulher acabou algemada e levada ao batalhão, onde foi feito o boletim pelos militares. Conselho Tutelar foi acionado e as crianças foram levadas a um abrigo.

Agressões

Foi no batalhão que as câmeras de segurança flagraram a situação de agressões. Pelas imagens é possível ver a mulher algemada e o policial a empurra na cadeira. A mulher usa as pernas para tentar se defender, mas leva tapas e socos do policial, que só para quando é contido por uma policial que chega em seguida.

O tenente deu ordem de prisão por e a mulher foi encaminhada para a , mas alega que não pode ligar para o marido para avisar dos fatos e ainda teve o celular quebrado pelo policial. “Me senti indefesa. Fiquei numa cela detida por 48 horas, eu e Deus. Fiquei sem notícias dos meus filhos”, disse.

A vítima não foi submetida ao exame de corpo de delito, pois precisaria ficar ainda mais uma noite caso fosse fazer o procedimento. Ela e a família foram embora e ainda não foi feito registro do caso, mas a mulher afirma que vai procurar a Corregedoria da Polícia Militar para relatar o caso e pedir o afastamento do militar.

Confira a nota da PMMS sobre o caso

A Polícia Militar do Estado de informa que no tocante à ocorrência registrada na noite do dia 26 de setembro do corrente ano, no município de Bonito-MS, onde uma senhora de 44 anos foi detida por ser suspeita de cometer os crimes de desacato, danos ao patrimônio, ameaça, resistência à prisão e embriaguez, teve origem após uma equipe policial militar ser acionada para contê-la, em um restaurante daquele município, após a mesma, supostamente, ter ameaçado atear fogo no local, ameaçado de morte os proprietários e quebrado garrafas dentro do estabelecimento comercial.

Ocorre que durante a confecção do Boletim de Ocorrência, a pessoa detida teria se exaltado contra os PMs que atenderam a ocorrência, sendo necessário o uso de algemas e mantê-la dentro do compartimento para condução de detidos, considerando o avançado estado de embriaguez da mesma.

Quanto as imagens que aparecem no vídeo, foi feita uma análise preliminar do conteúdo, identificando o local e militares envolvidos. Imediatamente, o comandante do CPA-3, coronel Emerson de Almeida Vicente, determinou a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM), que é o instrumento legal para investigar fatos dessa natureza.