Operações que miravam chefes do PCC (Primeiro Comando da Capital), organizações criminosas voltadas ao tráfico de drogas e estão na lista da Polícia Federal e Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) no ano de 2020. As ações renderam apreensões milionárias no Estado, com dezenas de pessoas presas e bens apreendidos. Uma das ações da Operação Regresso resultou na morte de Cleyton dos Santos Medeiros, de 30 anos, conhecido como ‘Doido’, membro do PCC.

O Jornal Midiamax listou algumas operações, entre as dezenas desencadeadas pela Polícia Federal e Gaeco ao longo de 2020. As ações miraram principalmente núcleos do PCC, com ordens de presos para execuções dos chamados ‘tribunais do crime’, organizações criminosas totalmente arquitetadas voltadas ao tráfico de drogas, também descobriu o novo núcleo feminino da facção, integrado por mulheres com perfil violento igual ao dos homens da facção, inclusive para tarefas de execução nos tribunais do crime.

Também, este ano, sete oficiais foram presos por integrarem a chamada “Máfia dos Cigarreiros”. A prisão se deu durante a Operação Avalanche, desdobramento da Oiketicus – deflagrada em 2017 -, apurando que policiais militares de Mato Grosso do Sul estavam dando suporte ao contrabando, mediante pagamento de propina.

Operação Avalanche e Oiketicus

Em maio, sete oficiais foram presos durante a deflagração da Operação Avalanche feita pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado). A operação cumpriu mandados em de Campo Grande, Coxim, Sidrolândia, Naviraí, Aquidauana e Dourados. Os militares presos estariam envolvidos com a máfia dos cigarreiros.

Retrospectiva 2020: De prisão de chefes do PCC a Cigarreiros, operações tiveram apreensões milionárias em MS
Oficiais estariam envolvidos com a máfia dos cigarros

Foram presos durante a operação: tenente-coronel Kleber Haddad Lane, tenente-coronel Josafá Pereira Dominoni, tenente-coronel Wesley Freire de Araújo, do tenente-coronel Carlos da Silva, do major Luiz César de Souza Herculano, tenente-coronel Erivaldo José Duarte, e tenente-coronel Jidevaldo de Souza Lima.

A Operação Avalanche é um desdobramento da Oiketicus. A primeira fase da Operação Oiketikus foi desencadeada pelo Gaeco do Ministério Público Estadual e pela Corregedoria Geral da Polícia Militar, em 2018 e levou a prisão cerca de 29 policiais que foram denunciados por corrupção passiva e organização criminosa, por integrarem a chamada “Máfia dos Cigarreiros”.

As investigações iniciaram em abril de 2017 e apontaram que policiais militares de Mato Grosso do Sul davam suporte ao contrabando, mediante pagamento sistemático de propina, interferindo em fiscalização de caminhões de cigarros para que não ocorressem apreensões de cargas e veículos, além de adotarem outras providências voltas para o êxito do esquema criminoso. Os cigarreiros agiam associados desde o início de 2015, estruturalmente ordenados e com divisão de tarefas. As atividades eram desenvolvidas em dois grandes núcleos.

Operação Exílio

Em junho, a PF deflagrou a Operação Exílio para desarticular organização criminosa vinculada à facção criminosa atuante no tráfico internacional de drogas e de armas de fogo, a partir da fronteira do Brasil com o Paraguai. No transcorrer das investigações, descobriu-se que a organização é liderada por indivíduos foragidos do paulista, os quais seriam vinculados ao Primeiro Comando da Capital.

Retrospectiva 2020: De prisão de chefes do PCC a Cigarreiros, operações tiveram apreensões milionárias em MSAinda, de acordo com a operação, os investigados seriam responsáveis por comandar ações de interesse do PCC na região de fronteira formada pelas cidades-gêmeas Ponta Porã (Brasil) e Pedro Juan Caballero (Paraguai).

Verificou-se que os integrantes da Orcrim ocupavam de alto valor agregado e transitavam em veículos de luxo, adquiridos com valores oriundos da prática de atividades criminosas. Durantes as buscas feitas no cumprimento dos 10 mandados expedidos para a Operação Exílio, os policiais encontraram 14 granadas, quatro fuzis, duas pistolas Glock, 250 quilos de maconha e R$ 50 mil em espécie.

Além do armamento pesado, foram apreendidos durante a operação sete carros de luxo, entre eles uma Mercedes e uma Range Rover. Um único carro teria sido avaliado em cerca de R$ 200 mil, sendo que o montante da avaliação dos veículos seria em torno de R$ 1 milhão.

Operação Ponto Cego

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Policiais durante cumprimento de mandados. Imagem: Henrique Arakaki, Midiamax

A Operação Ponto Cego foi deflagrada no mês de julho pelo Gaeco, contra o PCC. A ação tinha também como alvos detentos que mesmo encarcerados continuavam a ordenar crimes de dentro das penitenciárias do Estado. Foram cumpridos 40 mandados de prisão preventiva e 14 mandados de busca e apreensão em Campo Grande, Dourados, Sidrolândia e São Gabriel do Oeste. O maior número de presos se concentrou na Capital.

27 mandados de prisão foram cumpridos contra membros da facção criminosa que já estão reclusos em presídios de Mato Grosso do Sul e, mesmo assim, continuavam a praticar crimes, como o tráfico de drogas, roubos e homicídios nos chamados “Tribunais do Crime”.

Operação Flashback

Em julho também foi realizada a segunda fase da Operação Flashback em 11 estados brasileiros. Em MS, mandados foram cumpridos em Campo Grande, Dourados e Três Lagoas. Ao todo foram 23 mandados cumpridos em Mato Grosso do Sul, dos quais 19 eram contra pessoas que já estavam presas.

A ação teve um total de 216 mandados expedidos, entre busca e apreensão e prisão. Além disso, a operação foi o resultado de 8 meses de investigação a partir de provas obtidas após a primeira fase, realizada em novembro de 2019. Também ocorreu uma união entre as forças policiais, tendo atuação de Polícia Civil, Militar, Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e Polícia Federal.

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Operação Flashback aconteceu em 11 estados (Foto: COE)

Foi apurado que Mato Grosso do Sul é a base principal do PCC, o “estado principal na organização criminosa, com muitas lideranças”. O Midiamax apurou que 6 unidades prisionais foram alvos da operação.

Também foi apontado que as mulheres passaram a integrar cargos de liderança e de execução no PCC. Tudo isso foi detalhado, uma vez que inicialmente a facção criminosa era formada apenas por homens. Porém, com a prisão desses integrantes, eles passaram a confiar cargos a pessoas em quem podiam contar, especialmente as esposas e companheiras.

Foi assim que surgiu o núcleo feminino do PCC. Para o Gaeco, um núcleo que atua em harmonia com o núcleo masculino, mas sem que um interfira no outro. Também nas investigações, durante quatro meses de escuta telefônica, foram identificados 4 tribunais do crime com ordens de execução.

Destes, 3 foram consumados, com morte dos ‘julgados’, e um foi registrado como uma tentativa de execução. Ainda segundo os levantamentos, as mulheres mostraram ter perfil violento igual ao dos homens da facção, inclusive para tarefas de execução nos tribunais do crime. Também as que possuem função de ‘disciplina’, conduzem normalmente os rituais, condenando ou absolvendo os condenados pelo PCC.

Operação Regresso

Retrospectiva 2020: De prisão de chefes do PCC a Cigarreiros, operações tiveram apreensões milionárias em MS
Foi morto durante cumprimento de mandado durante operação (Reprodução Facebook)

A Operação Regresso foi realizada em agosto deste ano pelo Gaeco. A ação contra o PCC cumpriu mandados em Campo Grande, Dourados, Três Lagoas e Corumbá. Foram expedidos 34 mandados de prisão e busca e apreensão. Cleyton foi morto a tiros em um com policiais do Bope durante a deflagração da Operação Regresso. Ele estava armado e teria resistido à prisão.

‘Doido’ estava na casa de sua namorada, no bairro José Abrão, quando os policiais chegaram para cumprir os mandados de prisão e busca e apreensão. Na casa, cães farejadores encontraram 1 quilo e meio de maconha e pinos para armazenamento de cocaína, além de um carregador de pistola .765. Cleyton tinha passagens desde 2013 por tráfico de drogas e organização criminosa.