‘A gente estava dormindo em um cemitério’, diz barbeiro que comprou casa de vítima de serial killer

“Ninguém podia imaginar que a gente estava dormindo em um cemitério”. Foi com esta frase que o barbeiro de 53 anos lamentou o fato de ter descoberto que na casa que ele comprou no bairro Alto Sumaré, na região da Vila Planalto, em Campo Grande, havia uma pessoa enterrada. A vítima, Flávio Pereira Cece, de […]

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'A gente estava dormindo em um cemitério', diz barbeiro que comprou casa de vítima de serial killer
Imóvel onde as buscas são feitas. Foto: Dayene Paz

“Ninguém podia imaginar que a gente estava dormindo em um cemitério”. Foi com esta frase que o barbeiro de 53 anos lamentou o fato de ter descoberto que na casa que ele comprou no bairro Alto Sumaré, na região da Vila Planalto, em Campo Grande, havia uma pessoa enterrada. A vítima, Flávio Pereira Cece, de 34 anos, era dona do imóvel e foi assassinada no local pelo primo, o serial killer Cleber de Souza Carvalho, de 43 anos, pedreiro suspeito de matar ao menos cinco pessoas e o responsável por negociar o imóvel com o atual morador.

O barbeiro conta que não tinha conhecimento dos crimes e que pagou R$ 50 mil pelo lote que fica na Rua Corredor Público. “Ele pediu R$ 100 mil, mas como não tinha escritura e nem nenhum outro documento, fechamos em R$ 50 mil”, disse ele. Quando a compra foi feita, no local havia apenas o terreno, que foi dividido. O barbeiro construiu sua residência e repassou parte para o cunhado. Além disso, se mostrou surpreso ao descobrir do que Cleber foi capaz.

“Não parecia ser capaz de matar uma barata”, relatou. O homem jamais desconfiou de que estava morando sobre o corpo de Flávio, nem mesmo quando o irmão da vítima, que reside no Zé Pereira, foi procurá-lo. “A gente estava dormindo em um cemitério”. Este irmão teria questionado sobre a como a venda foi feita e pediu certa quantia em dinheiro para o morador, que aceitou fazer o pagamento para evitar problemas. Desde então, tal irmão nunca apareceu e será investigado pela Polícia Civil. 

Isso porque, depois de cinco anos, jamais denunciou o sumiço de Flávio e nunca quis saber o que havia acontecido com o irmão.  De acordo com o delegado Carlos Delano, da DEH (Delegacia Especializada de Repressão a Homicídios), Flávio foi morto em meados de 2015 após desentendimento com o primo Cleber em razão da construção de muro para dividir o terreno, que a vítima havia herdado do pai e partilhado com o irmão. 

Na data dos fatos, Cleber se armou com um pedaço de pau e golpeou a vítima. Em seguida, a enterrou no local. Tempos depois, acertou a venda. Jean Carlos Cabreira, advogado de Cleber, disse que negociava a apresentação dele na próxima segunda-feira, mas como foi preso antes, vai fazer o possível para assegurar todos os direitos do cliente. Além disso, afirmou que não teve acesso aos autos e que vai apurar a legalidade das diligências.

Diligências

Cleber foi preso na madrugada desta sexta-feira pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar, depois matar cinco pessoas em Campo Grande. Na tarde sexta-feira, as equipes foram com o autor na casa no bairro Alto Sumaré, para retirar o corpo de Flávio, localizado por volta das 17 horas, a cerca de um metro e meio de profundida. Foi preciso quebrar o piso para retirá-lo. Além disso, no início de tarde foi encontrado o corpo de Hélio Taira, de 73 anos,  que estava desaparecido desde novembro de 2016 e foi encontrado em uma casa a Vila Planalto. 

Além de Hélio e Flávio, Cleber também matou José Leonel Ferreira dos Santos, de 61 anos, José Jesus de Souza, de 44 anos, desaparecido na primeira quinzena de fevereiro de 2020,  e Roberto Geraldo Clariano, de 48 anos, que desapareceu em 23 de junho de 2018.

Roberto, que teve o corpo encontrado em um terreno no Recanto dos Pássaros após quatro horas de escavações, teria sido contratado por Cleber para fazer um trabalho braçal com ele, e durante a briga foi morto com golpe do cabo de uma picareta na cabeça. Leonel foi enterrado nos fundos de casa, na Vila Nasser. José Jesus foi encontrado na madrugada desta sexta-feira, enterrado em um terreno no Coophatrabalho. O delegado Delano ainda não descarta possibilidade de mais vítimas.

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