Entregador morto por policiais pode não ter parado por estar com carro atrasado

O motoentregador, Luiz Fernando Duarte Franco, de 41 anos, morto em uma abordagem da Polícia Militar na madrugada do último sábado (4), no Jardim Noroeste, em Campo Grande, estaria com a documentação do veículo Ford Fiesta atrasado, e por isso, poderia não ter obedecido a ordem de parada da guarnição, segundo o que acham testemunhas […]

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O motoentregador, Luiz Fernando Duarte Franco, de 41 anos, morto em uma abordagem da Polícia Militar na madrugada do último sábado (4), no Jardim Noroeste, em Campo Grande, estaria com a documentação do veículo Ford Fiesta atrasado, e por isso, poderia não ter obedecido a ordem de parada da guarnição, segundo o que acham testemunhas moradoras da região.

Segundo os moradores do bairro foram ouvidos pelo menos oito tiros. Uma das testemunhas contou que o motoentregador estaria com a documentação do carro atrasado. Com medo de perder o veículo, não teria obedecido à ordem de parada.

Ainda segundo as testemunhas, quando os policiais alcançaram o carro, que parou em frente à casa da vítima, nenhuma arma foi retirada do Ford Fiesta. Moradores das imediações ouvidas pela reportagem dizem que os barulhos ouvidos condizem com arma de grosso calibre, e não com a arma que supostamente estaria em poder da vítima, segundo os policiais: um revólver calibre 32.

Segundo o registro oficial, Luiz teria sido alvejado após fugir e supostamente disparar contra a guarnição. Quem viu o episódio, no entanto, relata que o homem estacionou em frente de casa e, quando os policiais abriram a porta, já caiu do carro imóvel, desarmado.

Versão dos PMs: fuga e até disparos

Segundo o Boletim de Ocorrência registrado pelos policiais militares que estavam na guarnição envolvida, Luiz Fernando teria supostamente recebido a ordem de parada ao sair de uma estrada de chão próximo à Uniderp Agrárias em alta velocidade, mas teria ignorado e fugido no sentido do Anel Viário.

Ao realizar uma conversão à esquerda, ainda conforme os policiais envolvidos relataram, ele teria efetuado disparos em direção à viatura, momento em que os policiais teriam revidado. Após os primeiros disparos, ele ainda teria descido do veículo, na rua Ferreira Viana, com a arma em mãos.

Ao ser atingido, na versão dos policiais, ele teria soltado a arma e caído. Os PMs não informam quantos tiros foram disparados contra o motoentregador e alegam que não sabem devido à ‘rapidez dos fatos’. A equipe ainda registra que prestou socorro no local e levou a vítima para Santa Casa.

Na versão dos policiais militares, a Perícia ainda teria sido acionada e uma arma calibre 32, teria sido encontrada com 5 munições deflagradas.

Versão da Família

A esposa, Solange Aparecida, de 40 anos, questionou a informação oficial de que teria sido realizada perícia no local da morte. “Não teve perícia, os policiais mesmos recolheram as cápsulas do chão e já levaram ele (Luiz) morto para a Santa Casa”, relata. No hospital, a viúva teria tentado conseguir informações, mas sem sucesso.

Luis Fernando conheceu o neto recém-nascido, na semana passada. “Ficou um grande vazio na família”, chora Solange. “A polícia não deu defesa, ele morreu na porta de casa”, lamenta.

Ainda segundo ela, vizinhos teriam presenciado quando os militares, que estavam na perseguição, alcançaram o Ford Fiesta conduzido por Luiz, que parou em frente de casa. Eles deram ordem de saída do carro para Luiz, mas, como ele não reagia, os policiais teriam descido da viatura e, ao abrirem a porta do veículo, o motoentregador já caiu no chão, imóvel.

Testemunhas teriam ainda afirmado que ouviram mais três disparos contra o solo, e suspeitam que os tiros tenham a ver com uma tentativa de ‘encobrir’ o suposto erro na abordagem e perseguição desastrosa. O motoentregador foi colocado na própria viatura e levado para a Santa Casa, sem esperar equipes de resgate.

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