Testemunha da execução de Ganso em ambulância só escapou porque delegado não viu
A perícia em conversas de WhatsApp entre o delegado Fernando Araújo da Cruz e o investigador Emmanuel Contis, ambos servidores da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul presos pela execução do narcotraficante ‘Ganso’, Alfredo Rangel Weber, revela que uma das principais testemunhas do assassinato só teria escapado porque Fernando não a viu dentro da ambulância […]
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A perícia em conversas de WhatsApp entre o delegado Fernando Araújo da Cruz e o investigador Emmanuel Contis, ambos servidores da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul presos pela execução do narcotraficante ‘Ganso’, Alfredo Rangel Weber, revela que uma das principais testemunhas do assassinato só teria escapado porque Fernando não a viu dentro da ambulância onde matou a tiros o boliviano, em 23 de fevereiro, em Corumbá.
Embora o delegado de polícia brasileiro negue o crime, vários trechos de conversas flagradas nos celulares apreendidos com ele e o comparsa, também servidor estadual da segurança pública de MS, apontam Fernando como autor da execução. Ele é titular da Deaji (Delegacia de Atendimento à Infância, Juventude e do Idoso), e teria assassinado o boliviano por uma briga por dívida entre narcotraficantes.
‘Nem BO, nem notícia aqui’
Em conversas de WhatsApp trocadas entre o investigador da Polícia Civil, Emmanuel Contis e o Fernando Araújo mostram a tranquilidade do delegado em afirmar que notícia alguma sobre o caso foi ventilada. Em um trecho da conversa Fernando diz: “ Da estrada levaram de volta para a Bolívia, então não tem nem BO nem notícia aqui”.
Mas, Emmanuel em seguida fala para o Fernando que a irmã e a filha de Alfredo estavam lá, momento em que o delegado diz que “só vi o médico”. O investigador ainda afirma para Fernando durante a conversa que “um pessoal da igreja viu”.
Depois o delegado se mostra preocupado dizendo ao investigador, que todo mundo já sabe do assassinato, que o papo já está rolando. Fernando foi preso no dia 29 de março acusado pelo crime e Emmanuel Contis foi preso por obstrução da Justiça.
Apoio logístico para o narcotráfico
Em meio a trama do assassinato e tentativa tanto do delegado como do investigador foi descoberto, que Fernando ainda mantinha um possível envolvimento com o tráfico de drogas, já que ele e sua esposa Silvia Aguilera ofereceram ‘parceria’ a Fernando Limpias, que já havia trabalhado para Adair José Belo conhecido como ‘Belo’ e para Sérgio de Arruda Quintiliano, o Minotauro.
Fernando Limpias estaria comprando fazendas, com pista de pouso, na Bolívia para o transporte de drogas e estava à procura de ‘parcerias’. Silvia, então, teria oferecido a ‘parceira’ através da logística de reabastecimento dos aviões. Nas conversas com o traficante é perceptível o domínio do assunto tanto pelo delegado como por sua mulher. A defesa do delegado nega as acusações sobre envolvimento com o tráfico de drogas.
Mas, toda a trama articulada pelo delegado acabou fazendo com que ele e sua esposa fossem extorquidos por policiais paraguaios e até por um promotor, que exigiu R$ 100 mil para que não acusasse Fernando pelo assassinato de ‘Ganso’. E para acobertar o crime e não ser descoberto, o delegado ainda pediu ajuda para chefe do Departamento de Força Especial de Luta Contra o Crime de Santa Cruz da polícia boliviana, Gonzalo Felipe Medina, que hoje está preso por ligação com o narcotráfico.
O delegado responde por homicídio e o investigador Emmanuel Nicolas Contis Leite por coação em relação a execução do boliviano Alfredo Rangel Weber, que ocorreu dentro de uma ambulância no dia 23 de fevereiro, em Corumbá. Investigações apontam que o delegado foi o autor direto do crime, ao entrar no veículo de resgate e disparar contra a vítima depois de tê-la esfaqueada em uma associação de pecuaristas no país vizinho.
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