Feminicídio foi único crime que aumentou em MS em 2018, quando duas morreram por mês 

“A matança de mulheres por homens, porque elas são mulheres”. Essa é a definição da palavra feminicídio, usada pela primeira nos anos 70 pela autora feminista Diana E. H. Russell. Hoje, ainda mais casos de mortes de mulheres são registrados e o motivo continua sendo grotesco e absurdo: mortas em razão de serem do gênero feminino. […]

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“A matança de mulheres por homens, porque elas são mulheres”. Essa é a definição da palavra feminicídio, usada pela primeira nos anos 70 pela autora feminista Diana E. H. Russell. Hoje, ainda mais casos de mortes de mulheres são registrados e o motivo continua sendo grotesco e absurdo: mortas em razão de serem do gênero feminino.

O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH). Em Mato Grosso do Sul, a violência contra a mulher chegou a um ponto crítico. Segundo a Sejusp (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), o estado registrou 27 casos de feminicídio em 2018. É como se em média 2,25 mulheres fossem mortas a cada mês.

Ainda de acordo com a secretaria, o feminicídio foi o único crime que registrou aumento no estado. Homicídios dolosos tiveram redução de 15%, os homicídios culposos no trânsito recuaram 12% e os roubos seguidos de morte tiveram queda de 5%.

Casos que chocam

Crimes como estes chocam pelo excesso de violência e crueldade como foi a morte de Maiana Barbosa, de 20 anos e da filha dela, Dandara, de apenas 1 mês. A Jovem e a bebê foram esfaqueadas pelo namorado de Maiana. A polícia acredita que elas foram mortas enquanto dormiam na madrugada do dia 26 de novembro, em Dourados. Marcos Fioravanti Neto, de 22, foi preso e indiciado por duplo feminicídio.

Outro crime bárbaro, que também ocorreu em Dourados, foi o assassinato de Yara Macedo dos Santos, de 30 anos. No dia 25 de junho, ela foi agredida com socos no rosto e morta com um tiro na cabeça pelo ex-companheiro, Edson Aparecido Oliveira Rosa de 35 anos, enquanto ela e o filho de 14 anos andavam de bicicleta. Segundo familiares e amigos da vítima, Edson não aceitava o fim do relacionamento. Ele foi preso enquanto tentava fugir da cidade e indiciado por feminicídio.

Algumas vítimas sobrevivem mas ficam com graves sequelas físicas e psicológicas causadas pela violência. Em agosto desse ano, uma jovem de 20 anos foi esfaqueada na cabeça pelo marido, de 35 anos. O crime ocorreu em dourados, e após tentar matar a esposa o homem ainda pegou um galão de gasolina e ameaçou incendiar a casa. Ele foi preso em flagrante e indiciado por tentativa de feminicídio.

Um ponto  comum em todos esses casos é que dificilmente a violência ocorre de uma hora para outra. Katiusce Arguelho dos Santos, de 31 anos, é mais um exemplo. Dias antes de ser morta pelo namorado, em 20 de janeiro, com 18 facadas , ela agredida por ele no meio da rua, no Bairro Portal do Caiobá, em Campo Grande.

Segundo a delegada titular da Delegacia da Mulher (Deam) de Campo Grande, Joilce Silveira Ramos, o feminicídio está diretamente ligado a cultura do machismo. “A maioria dos casos de feminicídio ocorrem pelo fato dos homens não aceitarem o fim do relacionamento. Como foram criados na cultura machista, muito deles acreditam que são superiores e que as mulheres são uma propriedade”, explica.

A delegada disse ainda que a Lei Maria da Penha é uma grande evolução ao combate a violência contra mulheres, já que além de aplicar as penas aos autores, ela obriga que o Estado, a União e municípios criem subsecretarias voltadas para trabalhos preventivos voltados a este combate. “Ainda falta muito, mas esses últimos anos, desde a criação da lei, vemos um aumento no número de prisões e no fortalecimento das mulheres, que se sentem mais seguras para denunciar os agressores”, pontuou.

 

 

 

 

 

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