Ele procurou a polícia hoje

Depois de publicar mensagens criticando a ação da Guarda Civil Municipal em uma página no Facebook, o vendedor Thiago pereira dos santos, de 24 anos, afirma que foi torturado por agentes da corporação. Em VÍDEO vazado em grupos de WhatsApp, o jovem, de 24 anos, aparece com a boca machucada pedindo desculpas à corporação. Todavia, ele alega ter sido forçado a gravar as imagens, após ter enfrentado mais de cinco horas de “sessão tortura”.

De acordo com o vendedor, no domingo (31), por volta das 10 horas, dois agentes à paisana chegaram a sua residência no Bairro Campo Nobre. Quando foi até o portão para atendê-los, ele conta que foi surpreendido por outros 15 guardas, estes fardados, que o ‘convidaram' a ir até a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) Piratininga para prestar depoimento sobre as publicações contra a instituição. “Eu me neguei, disse que só iria com a polícia”, relata.

Diante da recusa, Thiago diz que de forma agressiva, os guardas o colocaram à força dentro de uma viatura. De acordo com ele, no veículo deu-se início a uma “sessão de tortura”. “Eles me jogaram no carro e já começaram a me xingar, dar choques, tapas, socos e chutes”, revela.

Por causa das agressões, o denunciante mostra marcas no corpo, que segundo ele, teriam sido provocadas pela ação truculenta dos servidores municipais.

Abusos na delegacia

Já na Depac Piratininga, o vendedor alega que foi algemado em uma sala e que agentes da guarda se revezavam para agredi-lo. “Eles me agrediam tanto física como verbalmente”, afirma. Para não serem identificados, Thiago lembra que os guardas se chamavam por códigos numéricos.

Dando sequência ao “castigo”, o vendedor teria sido transferido para uma segunda sala, desta vez, próximo ao local onde ficam os presos que aguardam transferência. Lá, o denunciante conta que foi algemado em uma posição onde não conseguia ficar em pé, nem sentado.

Sentindo dores nas costas, ele afirma que pediu a um policial que o colocasse de maneira mais confortável, mas segundo ele, como resposta recebeu um tapa no rosto. “Ele me bateu e me chamou de vagabundo”, explica.

Thiago diz que depois de horas de “tortura”, uma mulher chamada de doutora pelos policiais chegou ao local e também hostilizou. “Eu acredito que era a delegada. Ela chegou, olhou pra mim e perguntou se era eu o moleque que tinha afrontado a Guarda. Depois disso saiu rindo e debochando de mim”, revela.

Cinco horas depois de ter sido abordado pelos guardas, o vendedor diz que foi liberado com a condição de assinar um documento afirmando que ofendeu a . Ainda de acordo com ele, o vídeo em que ele aparece pedindo desculpas à corporação também foi feito sob ordens dos guardas. Agora, ele afirma que teme por sua segurança, já que durante o período que passou na delegacia foi sofreu “ameaças a todo o tempo”.

“Eu apanhei muito, oque fizeram comigo é tortura e ninguém merece ser torturado. Nunca imaginei que isso pudesse acontecer. Meus pais são idosos, estavam em casa quando me levaram, estão chateados. Estamos com muito medo, não me sinto seguro nem mesmo em casa e temo pelos meus pais”, conclui.

Denúncia 

Aconselhado por um advogado, na manhã desta segunda-feira (1º) Thiago foi até a Depac Centro para registrar boletim de ocorrência. Lá, foi encaminhado para a Corregedoria da Polícia Civil.

Ficará a cargo da corregedoria abrir inquérito policial, além de apurar e, se comprovado, identificar e punir os policiais envolvidos. Após registro na corregedoria da polícia, o vendedor será encaminhado para exame de corpo de delito no Imol (Instituto de Medicina e Odontologia Legal). O vendedor também registrou reclamação na Corregedoria da Guarda Municipal.

O comandante da Guarda Civil Municipal, tenente-coronel Marcos Cesar Hobel Escanaichi, afirma que uma sindicância será instaurada para apurar os fatos.  “Determinei que me subsidiem de todas as informações e documentações para que eu possa formalizar e instaurar a sindicância com todos os envolvidos”, afirma.

Escanaichi diz ainda que os guardas civis municipais podem ser afastados caso seja constatada irregularidade na ação. “Dependendo do teor da denúncia e gravidade dos fatos vamos afastar o pessoas das atividades operacionais enquanto apuramos. Paralelamente o servidor é advertido e pode ser suspenso e até exonerado do cargo. Sempre orientamos que o servidor que se sente ofendido, que busque a esfera judicial e não faça justiça com as próprias mãos”, frisa.

A assessoria da Polícia Civil informou que o caso foi registrado na corregedoria do órgão que vai apurar os fatos e, se comprovado, identificar e punir os policiais envolvidos. 

Veja o vídeo.