Índios se camuflam em fazenda para aguardar retorno da Polícia Federal e Cigcoe

Indígenas, que voltaram a ocupar a propriedade, destacaram que a morte de Oziel Gabriel deu mais força para a luta pela ampliação da reserva Buriti

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Indígenas, que voltaram a ocupar a propriedade, destacaram que a morte de Oziel Gabriel deu mais força para a luta pela ampliação da reserva Buriti

Grupos de índios terenas se camuflaram em pontos estratégicos da Fazenda Buriti, em Sidrolândia, a 79 quilômetros de Campo Grande, para observar um possível retorno da polícia ao local. Na manhã desta sexta-feira (31), menos de 24 horas após a desocupação, cerca de 50 índios terenas retomaram a casa principal da propriedade.
 
Os terenas foram retirados ontem (30) das terras do ex-secretário estadual de Fazenda, Ricardo Bacha. A reintegração de posse foi cumprida por cerca de 200 agentes da Polícia Federal, da Cigcoe (Companhia de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) e da Polícia Militar. 
 
Segundo Otoniel Gabriel, irmão Oziel Gabriel, que morreu durante o confronto com a polícia, os indígenas não vão abandonar a casa. “Meu irmão deu a vida pela luta. Isso não vai acabar aqui. Essa luta para nós é sagrada. Sem terra não tem vida”, disse Otoniel.
 
A perda de Oziel representa “a morte de um guerreiro, de um homem honesto, de um irmão, de um pai de família e isso faz com que permaneçamos mais unidos”, avaliou.
Para o terena Vinicius Jorge, que é representante do Conselho Fundiário Indígena, a morte do indígena dá mais força na busca pelo direto à terra. “Não vimos a morte como derrota. Vamos nos unir para buscar nossos direitos”, afirmou.
 
Os índios terenas exigem a ampliação da Reserva Buriti, composta por cinco aldeias, de 2 mil para 17,2 mil hectares. No conflito de ontem, durante o cumprimento da reintegração de posse, 30 índios ficaram feridos, um morreu e 15 foram detidos pela Polícia Federal.
 
Depois de prestarem depoimentos, os indígenas foram indiciados por desobediência e liberados.