Macri não influenciou pedido de prisão de Cristina, diz governo argentino

Ex-presidente reiterou que é vítima de uma “perseguição” 

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Ex-presidente reiterou que é vítima de uma “perseguição” 

O chefe do Gabinete de Ministros da Argentina, Marcos Peña, afirmou que o presidente Mauricio Macri não chegou ao poder para interferir na Justiça, em resposta à ex-presidente Cristina Kirchner, que o responsabilizou pelo pedido de prisão contra ela determinado por um juiz por supostamente ter dado cobertura a terroristas.

“Está garantido o Estado de Direito, as liberdades e temos que nos acostumar a viver em um contexto onde somos todos iguais perante a lei”, ressaltou Peña nesta quinta-feira (7) em entrevista à imprensa em Buenos Aires.

A ex-presidente, que atualmente ocupa o cargo de senadora, reiterou que é vítima de uma “perseguição” e definiu como um “excesso” e uma violação do Estado de Direito o fato de o juiz Claudio Bonadio ter determinado sua prisão preventiva por supostamente acobertar os iranianos acusados do ataque contra uma associação israelita em 1994.

“Estas medidas enfraquecem ainda mais o Judiciário argentino e revelam que o governo e o presidente Mauricio Macri são os principais e verdadeiros responsáveis pelo estabelecimento de uma organização política e judicial para perseguir a oposição”, disse Cristina em uma conferência de imprensa, na qual negou todas as acusações e considerou que elas não têm “base jurídica, nem institucional”.

Macri não influenciou pedido de prisão de Cristina, diz governo argentino

“Que não haja impunidade para ninguém, nem sensação de injustiça para ninguém, que possamos superar essa desconfiança, quando se sente que a Justiça chega para um, e não para todos”, acrescentou Peña.

O chefe do Gabinete de Ministros também se mostrou convencido de que “é um tema que requer uma investigação muito bem-feita” e que os trâmites judiciais “requerem o devido processo de defesa e que o mesmo possa se desenvolver em normalidade dentro do sistema institucional”.

Prudência

Bonadio indiciou e ordenou a prisão de Cristina, entre outros ex-integrantes de seu governo, pelos supostos crimes de traição à pátria e encobrimento agravado e pediu ao Senado que a destitua do cargo atual, o que faria com que ela perdesse o foro privilegiado, por considerar que a ex-presidente pode atrapalhar as investigações.

Sobre isso, o chefe do Gabinete de Ministros lembrou que os senadores governistas disseram que todo o trâmite será desenvolvido “com a prudência e a institucionalidade necessárias, pensado não em termos partidários, mas em termos institucionais”.

Além disso, Peña insistiu que “não é atribuição do presidente incluir o tratamento” do pedido de suspensão do foro privilegiado nas sessões extraordinárias do Congresso – que não está realizando plenários ordinários porque está em recesso – convocadas pelo governo para analisar os projetos de reforma tributária e trabalhista.

O caso, aberto após a denúncia realizada pelo promotor Alberto Nisman em janeiro de 2015 contra Cristina, dias antes de ele ser encontrado morto em seu apartamento em estranhas circunstâncias, investiga se o memorando assinado entre Argentina e Irã em 2013 tinha como objetivo acobertar, em troca de promover a relação comercial bilateral, os suspeitos iranianos de terem cometido o atentado contra a associação israelita AMIA em Buenos Aires, que deixou 85 mortos e continua impune.

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