Salve-se Quem Puder foge da pandemia, mas coronavírus ‘ajudaria’ a trama

Novela também é lembrada por ‘prever’ o coronavírus

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Destaque principal da teledramaturgia global no momento, a novela “Salve-se Quem Puder” encerra sua fase de reprise neste sábado (15) e a partir de segunda (17), capítulos inéditos começam a ser exibidos até a conclusão do folhetim.

Como já noticiado pelo MidiaMAIS, o autor da novela optou por não abordar a pandemia na história. Recentemente, “Amor de Mãe” inseriu a crise sanitária no enredo e se deu mal. A trama foi acusada de ‘over, carregada e imprópria’ para o momento por pesar a mão na crueldade, além de trazer o ‘corona’ e seus impedimentos para a narrativa.

Fugindo disso, Daniel Ortiz, escritor de “Salve-se Quem Puder”, considerou que seria inadequado o coronavírus invadir as vidas de Alexia, Luna e Kyra, definindo que a novela tem o principal papel de ser o respiro do telespectador antes do Jornal Nacional, que diariamente aborda a Covid.

Para manter o clima leve, descontraído e hilário, o coronavírus então foi descartado. Mas, de certa forma, ele ajudaria e muito na condução da história e até as mocinhas perseguidas seriam beneficiadas.

Como?

Usando máscaras, nenhuma delas precisaria se disfarçar. O equipamento de proteção individual que virou obrigatório com a pandemia facilitaria demais a vida das três, já que só andariam de rosto coberto.

Encarnando Josimara, Alexia precisou incrementar o disfarce com elementos bizarros para despistar Renzo. Uma máscara resolveria tudo. (TV Globo)

Alexia/Josimara (Deborah Secco), por exemplo, deixaria de lado sua franja, aparelho e óculos falsos e trocaria tudo por uma simples máscara de proteção. Kyra/Cleyde (Vitória Strada) também evitaria maiores confusões e riscos de ser reconhecida em algum lugar. Luna/Fiona (Juliana Paiva) estando perto da mãe seria outra beneficiada ao não precisar mostrar a cara.

O distanciamento e isolamento social também contribuiriam para a narrativa que apresenta três protagonistas, dadas como mortas, que se infiltram nas realidades umas das outras com suas respectivas missões. Imersas disfarçadas, elas vivem correndo perigo e se arriscando, quase sendo descobertas o tempo inteiro.

Kyra e Alexia usaram lenços e óculos escuros para não chamarem atenção durante investigação. Mais um caso que a máscara resolveria (TV Globo)

Abordar e apresentar no folhetim todos esses elementos proporcionados pelo coronavírus ajudaria as personagens, mas faria a trama perder 90% de sua graça. Perdendo a graça, “Salve-se Quem Puder” perderia também a sua função, segundo o autor, já que a intenção é apresentar um respiro, um alívio, uma comédia.

Usando máscaras, as protagonistas até conseguiriam continuar sendo cômicas, mas a ausência dos disfarces e a limitação da pandemia extinguiriam da novela situações hilárias provocadas justamente por esses conflitos. Talvez uma ‘ajuda’ é tudo o que elas não precisem.

Priorizando o humor e mantendo os rumos da obra, Daniel Ortiz deve acertar em cheio ao não diminuir os apuros enfrentados pelas mocinhas, já que são esses apuros os grandes causadores do riso da audiência. 

Mas é fato que, pensando na condução da história de três mulheres que vivem precisando se esconder e se disfarçar, o coronavírus e os hábitos de enfrentamento a ele seriam grandes facilitadores para essas questões.

Vidente?

Escritor e criador de “Salve-se Quem Puder”, Daniel Ortiz já viralizou algumas vezes por, justamente, “prever” a pandemia em 2020. Como o MidiaMAIS relembrou em março, Ortiz inseriu todas as medidas de biossegurança que viriam a ficar conhecidas e se tornariam obrigatórias no mundo todo antes de tudo acontecer.

Cenas já foram exibidas e impressionaram novamente pela semelhança com as medidas de segurança contra o coronavírus (TV Globo)

Na trama, Rafael (Bruno Ferrari) desenvolve comportamentos obsessivos ao tentar lidar com o luto depois de acreditar que sua noiva Kyra morreu. Ele então passa a exigir que todos usem máscaras de proteção, higienizem a mão com álcool em gel, entre tantas outras formas de prevenção à infecção de qualquer vírus, que hoje são essenciais, mas na época e no contexto da novela, eram apenas ‘manias’.

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